No começo, uma decisão de Richard Nixon.  O ano era 1971 e o presidente norte-americano, surpreso pelo aumento do consumo de drogas, a explosão de violência nas ruas de algumas cidades e as novas drogas trazidas pelos soldados do Vietnã, lançou a “guerra às drogas”, uma decisão na qual ele envolveu todo o poder do Estado, bilhões de dólares em recursos e o fortalecimento daquela que era até então uma pequena agência esquecida, a DEA [Drug Enforcement Administration]. A proposta, esboçada por Nixon já em seu primeiro discurso e depois retomada por Ronald Reagan, era simples: reduzir o consumo (nos Estados Unidos) por meio do controle da oferta (de outros países). Em seu livro Globalização, narcotráfico e violência (Editorial Norma, 2000), Juan Gabriel Tokatlian explica de maneira simples, mas muito clara, o caráter quimérico dessa cruzada, que assume que uma repressão eficiente e sustentada permitiria, em algum momento, extinguir o…