Secessões norte-americanas
Aborto, educação, justiça penal, acolhida aos imigrantes: à medida que os diversos estados do país adotam decisões opostas conforme sejam republicanos ou democratas, uma questão não sai da cabeça dos dois campos: vale a pena agir de forma obstinada para fazer coexistir estados tão desunidos?
Cada um dos dois grandes partidos norte-americanos sugere que a democracia vai perecer se ele não levar a melhor no próximo dia 8 de novembro, nas eleições de meio mandato. Isso porque seu adversário não defende somente ideias impraticáveis ou repreensíveis: trata-se de um inimigo, de um corpo estranho, imoral e subversivo.1 Anteriormente voltada aos indígenas, aos negros e aos comunistas, essa mecânica mental paranoica mira na atualidade dezenas de milhões de “deploráveis”, “semifascistas”, “totalitários”. Republicanos, segundo os democratas; democratas, segundo os republicanos. Referências aos anos 1930, aos confrontos entre xiitas e sunitas ou à Guerra de Secessão dos Estados Unidos inundam o discurso político. A cada manhã, um grande número de norte-americanos recebe em seu e-mail dezenas de mensagens indesejadas, escritas em cores vivas e em letras maiúsculas. Do lado dos democratas, no último 18 de setembro: “Precisamos de 20 mil assinaturas antes das 23h59. Assine para que Donald…