Dar um sermão para o mundo ou transformá-lo?
A corrupção é uma das formas mais brutais de expressão do poder dos poderosos. Entretanto, será que os objetivos dos que combatem tal flagelo são tão nobres quanto alegam?
A corrupção é uma das formas mais brutais de expressão do poder dos poderosos. Entretanto, será que os objetivos dos que combatem tal flagelo são tão nobres quanto alegam?
A existência de uma cultura política fraca e de instituições políticas pouco sólidas, criando um clima muito favorável para a desqualificação e a criminalização da política em geral e para a construção de uma opinião pública muito suscetível ao moralismo e desejosa menos de justiça e mais de justiçamentos e linchamentos.
O fenômeno da corrupção está longe de ser exclusivamente brasileiro, principalmente quando envolve questões petrolíferas
Na medida em que o jornalismo de maior visibilidade opta por divulgar, em uma perspectiva restrita, os escândalos de corrupção e desconstruir a imagem da política como um todo, qual seria a saída para nós, cidadãos comuns?
Sabemos ser muito cedo para tecermos uma opinião concreta sobre as bases políticas do governo Bolsonaro. Mas, podemos perceber algumas semelhanças ou coincidências com o passado.
Parece à primeira vista algo amador falar em verdade na real politik, mas no Brasil de 2018, de forma alguma
O tom da coisa é este: o Brasil está desgovernado, destruído por gente mal-intencionada, corrupta, acomodada. O sistema. Daí, a conclusão parece impositiva: precisamos de alguém para botar o país nos trilhos. O recurso retórico é incisivo: retrata o desespero e oferta a salvação. Amém
O aparelhamento de todo o sistema para tomar o poder foi realizado de forma bem sucedida pela extrema direita
O discurso “responsável” do centro teve um apelo nulo, enquanto as incongruências da direita começaram lentamente a cavar espaço na mídia convencional. A verdadeira funcionalidade do malabarismo discursivo direitista não é só desmoralizar a política e, assim, conquistar um voto de protesto. Trata-se de representar eleitoralmente a última ideia de uma sociedade moribunda: o Estado policial democrático
Parecem longínquas as capas de revistas que prometiam ao Brasil um futuro radiante. Abalado por uma onda de violências, como o assassinato da vereadora socialista Marielle Franco, o maior país da América do Sul multiplica rupturas com a ordem constitucional, a ponto de certos direitos adquiridos após o fim da ditadura, em 1984, parecerem ameaçados. A começar pela liberdade de expressão e de escolher seus dirigentes
Um estudo realizado em 2015, aponta que dos 899 promotores e procuradores de MPs federal e estaduais entrevistados, 88% não veem o controle externo da polícia como prioridade da entidade. Desde 1999, ex-promotores e procuradores do Ministério Público ocupam a cadeira de secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Entre eles estão Alexandre de Moraes, atual ministro do STF, Fernando Grella, Antônio Ferreira Pinto, Ronaldo Marzagão, Saulo de Castro, atual secretário de Governo, e Vinicio Petrelluzzi.
Historicamente limitados à propaganda governamental, os grandes grupos midiáticos mexicanos pouco a pouco passaram a construir e desconstruir poderosos. Levado ao poder pelas emissoras privadas, o presidente Enrique Peña Nieto prometeu limitar o monopólio das gigantes da comunicação – o que até agora não saiu do papel