O filósofo de Bolsonaro
O fato de Olavo, um antifilósofo, ter sido elevado à categoria de “pensador” e ideólogo da direita tupiniquim dá mostras do abismo em que nos encontramos
O fato de Olavo, um antifilósofo, ter sido elevado à categoria de “pensador” e ideólogo da direita tupiniquim dá mostras do abismo em que nos encontramos
Olavo de Carvalho parece ter inventado, sem querer, uma fórmula de sucesso intelectual que talvez não possa jamais ser repetida
Não tenho nenhum interesse em discutir com a Brasil Paralelo e sua turma o conteúdo das suas produções, mas não me furtarei um único minuto a debater com professores, estudantes e quem mais tiver interesse sobre o porquê de não reconhecer credibilidade naquilo que eles despejam na internet ou conseguem, lamentavelmente, incluir em alguns canais de TV como se fosse conteúdo de “história”.
“Populista de direita”, amante das provocações, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, é por vezes apresentado como um “Trump tropical”, com quem ele partilha a imprevisibilidade. Mas sua ação não se resume às suas escorregadas, ela se baseia na ideologia formulada por um guru que por muito tempo permaneceu discreto
Os cultuadores da violência e da ignorância desejam destruir tudo aquilo que não podem controlar. Mas a filosofia e seus pensadores e pensadoras resistem desde a Grécia.
A Filosofia tem sofrido golpes fatais. Querem-na fora das escolas e das universidades, monopolizada por pseudofilósofos com agendas fundamentalistas e de extrema direita, com reflexões rasas e associações falsas de ideias.
Na aula sobre o texto “O que é a Ilustração” são tantos os absurdos ditos por Olavo de Carvalho sobre Kant, que chega a ser difícil comentar. Seu objetivo: atacar a democracia, a liberdade e a diversidade.
Tanto Paulo Guedes como Olavo de Carvalho são representativos de uma amálgama ultraliberal conservadora defendida por um corpo amplo de ideólogos que passaram a assumir postos-chave na atual administração e atuam com base em um grau razoável de coesão em torno de duas ideias principais: “privatizar tudo” e “combater a hegemonia cultural esquerdista”