Taiwan, a peça que falta no “sonho chinês”
Taiwan elege seu próprio presidente (atualmente Tsai Ing-wen) e possui sua própria moeda. Entretanto, não tem reconhecimento internacional. Apenas quinze países reconhecem a ilha como separada da China. Se Pequim espera reintegrá-la em seu seio, o taiwaneses duvidam cada vez mais do slogan “um país, dois sistemas”, e Washington joga com seus medos
“O lugar mais perigoso do mundo”, proclamava a revista The Economist no início de maio. A manchete era acompanhada por uma imagem de radar de Taiwan, como se a ilha fosse o alvo de um submarino. Esse artigo se inscreve numa longa série com títulos similares, que, por sua vez, ecoam uma multiplicidade de declarações alarmistas sobre o futuro da ilha.1 Em um relatório publicado em março de 2021, o influente think tank norte-americano Council on Foreign Relations julgava que Taiwan estava prestes a “se tornar o ponto mais explosivo do mundo, podendo conduzir a uma guerra entre os Estados Unidos, a China e provavelmente outras grandes potências”.2 Na mesma ocasião, o almirante Philip Davidson, comandante das forças norte-americanas na região indo-pacífica, declarava, perante o Senado, que um conflito no Estreito de Formosa poderia ocorrer “ainda nesta década”.3 Se as declarações dos estados-maiores escondem segundas intenções orçamentárias, esses medos não…