“Tem que trabalhar, senhora”
Em 2008, o Subsídio a Pais Solteiros passou a integrar o serviço de Renda de Solidariedade Ativa na França. Desde então, a administração pressiona mulheres que criam seus filhos sozinhas a entrar para o mercado de trabalho. Enquanto o número de empregos assistidos diminui, as subsidiadas sofrem uma pressão à qual não conseguem resistir, sem a liberação da obrigação de serem “boas mães”
No fim dos anos 2000, Bouha Bechri, que mora no Alto Loire, perto de Puy-en-Velay, se separou do marido. Com quase 50 anos, marroquina, viera para a França a fim de se juntar ao marido e fora sempre dona de casa. Vítima de violência doméstica, “salvou-se da morte fugindo”, como se lembra uma de suas sobrinhas. Após várias noites sem dormir, esgotada, encontrou abrigo na casa de seus filhos mais velhos. Sua filha mais nova, então com cerca de 10 anos, recorda os encontros com a assistente social: “Ela disse que minha mãe devia trabalhar. Apesar de ter artrose, ser diabética e não falar francês. E, quando dizíamos que o dinheiro não chegava ao fim do mês, ela falava: ‘Tem que trabalhar’”. Como muitas outras mães solo, Bechri recebeu a Renda de Solidariedade Ativa (RSA) aumentada durante um ano antes de ter direito à RSA clássica. A RSA aumentada é…