Uma galeria de criminosos respeitável
A Wall Street dos anos 1980 é o cenário de grandes mudanças econômicas e sociais: ao mesmo tempo que o mundo das finanças substitui a indústria, hordas de negociantes (traders) especializados em fusões e aquisições invadem o lugar da aristocracia bancária
Ao criar o departamento de fusões e aquisições a partir do final dos anos 1970, a maior parte dos bancos de investimento passou a atrair funcionários jovens e ambiciosos cujas competências técnicas e capital escolar eram mais relevantes que a herança social. O pedigree não é mais suficiente para garantir o bom andamento dos negócios, que hoje requerem conhecimentos financeiros e jurídicos altamente especializados. Nessas condições, os que possuem MBA (título de Masters of Business Administration) outorgado por escolas de administração, ganham prioridade frente aos que possuem título das universidades de excelência nos Estados Unidos (Ivy League)1 ou boas referências e educação sólida. Os aspirantes às vagas logo perceberam o movimento. As perspectivas no início da carreira de Dennis Levine, banqueiro do Drexel Burnham Lambert, resumem perfeitamente esse período de transição: “Quando comecei minha carreira, era incomum que pessoas do meu contexto – oriundo da classe média, sem passar pela Ivy League e sem contatos sociais úteis – chegassem a transpor as barreiras que cercam a aristocracia dos negócios, ou seja, os bancos de investimento. […] Ligado à desregulação, o crescimento das atividades de aquisição impulsionou os bancos de negócios da velha escola a uma competição desenfreada, o que os levou, por sua vez, a recrutar e promover indivíduos na base do mérito. Vi aí minha chance, e comecei a estudar fusão e aquisição”.2
Se esse ramo do mercado atrai pessoas que não são do meio, é porque encarna a promessa de carreiras fulgurantes – nas quais o desempenho é o mais relevante – e a ascensão social que as fronteiras simbólicas ao redor dos grandes bancos de negócios de Genebra não poderiam conter: a atividade de fusão e aquisição era capaz de tirar do anonimato um comerciante e coroá-lo com o sucesso e transformar um jovem turco em milionário em apenas alguns dias. Em razão de suas origens sociais e formação (universitária e não mais “autodidata” ou por preceptores), esses jovens diplomados não dominam as regras implícitas que regem o “clube” das finanças nova-iorquinas. Não é por acaso que justamente pessoas como Levine viveram dramas a partir de 1986. Esse ano marca o início de uma série de revelações relacionadas a delitos de iniciados e práticas de corrupção que estremeceram Wall Street e culminaram com a falência do Banco Drexel Burnham Lambert em 1990 e a condenação do famoso traderMichael Milken, que terminaria atrás das grades.
Pesquisas etnográficas realizadas em diferentes mercados mostraram que havia mais dificuldade por parte desses novos integrantes em familiarizar-se com regras implícitas e normas institucionais que limitam o comportamento oportunista.3 Esse aspecto se deve ao fato de esses jovens queimarem etapas da ascensão gradual no interior de um mesmo estabelecimento e escaparem do longo processo de socialização interna que conforma os hábitos dos mais velhos e os códigos que definem a fronteira do lícito e do ilícito.
Essa dinâmica criou, de fato, um saber prático de “zonas obscuras” nas quais o oportunismo necessário para a geração de lucro se tornou incompatível com a legitimidade social das instituições do mercado. A moral e a cultura de cada estabelecimento bancário ou mercado específico constituem elementos funcionais na medida que contribuem para evitar intrusões regulativas de agências exteriores, em particular da Comissão de Segurança e Câmbio (SEC, organismo de controle dos mercados financeiros norte-americanos). A onda de escândalos ao longo da década de 1980 não se deve tanto à reabilitação cultural para atrair ganhos, como gostaria a interpretação psicologizante, quanto à desregulação traduzida em crise dos mecanismos de reprodução social da grande burguesia de negócios, que tornou permeáveis as barreiras de classe que asseguravam o monopólio do controle das profissões ligadas às finanças.
Não se trata apenas de uma legitimidade técnica que suplanta o berço e as boas maneiras, mas também de certo tipo de competência social que substitui outra. “Street wise”, “street smart”, “street fighting” (“sabedoria de rua”, “inteligência de rua”, “briga de rua”): os adjetivos que aparecem na imprensa econômica para caracterizar a maior parte desses novatos e das instituições às quais estão ligados expressam com agudeza a natureza dessas competências. Nessa perspectiva, as autobiografias assinadas por esses atores sociais são particularmente esclarecedoras: o termo “escola da rua”, recorrente nessas narrativas, é usado para explicar o sucesso nos negócios: não se trata da compensação justa por uma existência às vezes difícil, mas da transposição para o campo das finanças das regras duramente aprendidas nos baixos do Brooklyn, em contato com indivíduos suspeitos, como um Victor Niederhoffer; ou por meio das peripécias de um adolescente sem dinheiro que sobrevive às garras nazistas e foge da Hungria comunista para ganhar Londres e sobreviver de pequenos trabalhos, como um George Soros.4
No mundo das finanças, também está a competência daqueles que não possuem nenhuma competência em particular, a não ser a disposição prudencial que pode ser chamada também de capacidade genérica de especular. São fatores que contribuem para distinguir não apenas esses “marginais do sistema”, mas também os jovens diplomados que fazem carreira em Wall Street e são seus aliados: mantidos afastados tanto do mercado de capitais como da aristocracia financeira, às vezes privados de títulos escolares, autodidatas de trajetórias difíceis, os novos financistas da época muitas vezes flutuam como párias. Sem acesso tanto ao capital social como ao capital econômico, esses verdadeiros lumpemproletários das finanças dispõem apenas de sua força de trabalho ou, mais exatamente, de sua força de combate. Condizente com a função histórica ambígua de todo lumpemproletariado, é essa competência que esses trabalhadores marginais colocarão à disposição do capital ao se tornarem executores das obras da reestruturação industrial que exigem um novo papel dos investidores institucionais.
Assim, a mutação do modo de reprodução do capital, desde a década de 1970, tomará a forma, no âmbito financeiro, de uma revolução social cujos novos protagonistas (os incursores corporativos e seus poderosos financiadores) são, ao mesmo tempo, tropa de choque e agitadores. Rapidamente se transformariam também em ideólogos, antes mesmo desse gesto ser exaltado pelas observações de uma nova geração de economistas, a da Escola de Chicago, cujo percurso não é muito diferente do deles.5 Por consequência, a “profissionalização” das atividades financeiras (ou seja, a admissão “por mérito” no clube fechado das finanças nova-iorquinas que, até então, funcionava por “referências”) não poderia ser o único fator gerador da luta social na qual o “mérito” serve, antes de tudo, como pretexto para a transformação do conjunto de regras do jogo econômico.
A crise das velhas elites do mundo bancário e patronal é certamente determinada pelas mudanças nos circuitos de recrutamento e cursos universitários, mas reflete, sobretudo, a crise do modo de produção fordista ao redor do qual essas elites econômicas se constituíram. Ao mesmo tempo sintoma e acelerador desse processo, a irrupção de novos financistas também dá a dimensão de um projeto político: “a reestruturação da América corporativa”, ou seja, o desmantelamento da rede industrial, bancária e política que John Kenneth Galbraith chamava de “tecnoestrutura”, e sobre o qual está assentado o poder das elites econômicas e sociais que tinham dominado a era do liberalismo reformista.6
Para a maior parte deles, os novos empreendedores financeiros que chacoalham a Wall Street da década de 1980 se concentram nos setores mais especulativos: fundos de investimento, apostas na bolsa, risco e arbitragem, financiamento de fusões e aquisições. Assim como o famoso Michael Milken – “rei das obrigações podres” do Banco Drexel Burnham Lambert, que inspirou Oliver Stone em seu filme Wall Street –, esses personagens poderiam fornecer vasto material para ficção.
A acumulação pela bolsa de valores
Geólogo diplomado pela Universidade de Oklahoma, Thomas Boone Pickens iniciou sua carreira no campo da prospecção de petróleo ao longo dos anos 1950 percorrendo sua região natal a bordo de um jipe que fazia as vezes de escritório. Em 1979, funda a Mesa Petroleum, uma pequena companhia petrolífera sediada em Amarillo, no Texas. Rapidamente, a empresa se endividou. “T. Boone” conseguiu chamar a atenção da imprensa econômica com uma montagem jurídica engenhosa, o que, por sua vez, fez as ações da empresa subir vertiginosamente e, com isso, evitou a taxação dos dividendos por intermédio de uma fundação. Deslocando essa engenhosidade para o âmbito da evasão fiscal e outras montagens jurídicas (para além daquelas que atestavam a descoberta de jazidas…), Pickens considerava que as companhias petroleiras faziam mau uso de sua liquidez ao investir na reconstituição de reservas – atividade cada vez menos rentável com a baixa do petróleo – em vez de otimizar a gestão em benefício dos acionistas.
Após algumas tentativas de aquisição infrutíferas, mas fortemente rentáveis, tornou-se o centro das atenções em 1983 ao utilizar a empresa Mesa para acumular o título Gulf.7 Ora, a Gulf Oil é uma das “sete irmãs”, empresas petrolíferas gigantes que controlam o mercado norte-americano: que um desses conglomerados todo-poderosos seja objeto de uma oferta pública de compra (OPA) de alto risco, e por uma empresa cuja capitalização e volume de negócios são mínimos comparados à Gulf, representou uma operação inédita. Se a direção da Gulf acolheu a novidade com alegria, um ano depois a empresa se jogaria nos braços de um salvador de último minuto, SoCal, por US$ 13,2 bilhões com esperança de evitar a humilhação de cair nos bolsos de Pickens – que ganharia US$ 760 milhões nessa operação. O caso traria consequências para a economia mundial: ao tomar as rédeas das “sete irmãs” e usar a indústria do petróleo para melhorar seus rendimentos, Pickens tornou-se a linha de frente de um novo militantismo acionário em ruptura com o grande negócio, inaugurando os meios de levar a luta pela acumulação ao terreno da Bolsa de Valores.
Uma máquina de guerra
Apesar de oriundos de famílias abastadas, Henry Kravis e George Roberts são originários do Sul profundo, mais precisamente Oklahoma e Texas. Esses dois sócios, que alcançariam a fama no comando da empresa Kohlberg Kravis Roberts (KKR), são também primos-irmãos. Filho de um engenheiro petroleiro que perdeu sua fortuna com a crise de 1929, Kravis realizou estudos medíocres no Claremont Men’s College, Califórnia, antes de empreender pequenos trabalhos em diversas companhias de Wall Street durante seus estudos superiores – também medíocres – na Columbia Business School. Roberts, após passar pela academia militar de Culver, também entrou no Claremont Men’s College antes de conseguir uma vaga na Bear Stearns, para onde levaria seu primo. Trabalhando sob as ordens de Jerome Kohlberg, Kravis e Roberts se ocupavam do financiamento da reaquisição de empresas pelo recurso exclusivo do endividamento. Ao interessar investidores institucionais, Kohlberg conseguiu formar os primeiros blind pools8 de liquidez destinados a reaquisições. A dívida contraída na aquisição do alvo era, em seguida, reembolsada por drástica redução nos custos e pela venda de determinados ramos de atividade. Mestre nessa técnica, Kohlberg deixou a Bear Stearns em 1976, e levou consigo os dois jovens aprendizes para fundar a KKR. Se a empresa construiu seu nome ajudando a direção de outras empresas a adquirir o controle acionário de suas próprias empresas (“going private”), para evitar as reaquisições de risco por parte de financistas, os jovens turcos Kravis e Roberts foram tomados pela ansiedade e pensavam apenas em estender seu campo de ação para as aquisições não solicitadas. Pois, em cada operação, a KKR ganhava não somente uma comissão de 1,5% de cada fundo salvo, mas também uma taxa de transação que podia ser de milhões de dólares, além de 20% dos lucros engendrados pela reestruturação e por participação na empresa.9
Na ocasião de uma hospitalização de Kohlberg, Kravis e Roberts substituíram o mentor e transformaram a KKR em máquina de guerra. Em 1988-1989 assinaram a maior e mais arriscada OPA de todos os tempos: a reaquisição da RJR Nabisco Brands por US$ 31 bilhões. No auge da potência, esse império construído sobre a dívida exibiria um poder de compra que chegava aos US$ 50 bilhões, e um volume de negócios que colocava a KKR em pé de igualdade com a IBM e na frente do PIB do Paquistão ou da Grécia da época.10 As múltiplas participações da empresa a transformaram no segundo conglomerado industrial do país, logo atrás da General Motors em termos de volume de negócios.11
Quanto a Carl Icahn, ele é o arquétipo do financista da década de 1980. Nascido em Bayswater, no Queens – filho de uma professora e de um jurista e professor de química cuja paixão pela ópera (havia estudado canto com Caruso) não o levou mais longe que a sinagoga do bairro, na qual exercia seus talentos –, o jovem Carl estudou filosofia durante um ano em Princeton, onde escreveu um trabalho sobre “O problema da formulação de uma explicação adequada a um critério empírico do sentido”. Por sua mãe, aceitou cursar medicina na Universidade de Nova York, na qual seguiu os estudos por três anos.12 Em 1961, seu tio lhe conseguiu um posto de trabalho em uma pequena empresa de corretores de Wall Street. Icahn investiu aí os poucos milhares de dólares que havia ganhado no pôquer do exército e os multiplicou, antes de perder tudo no mercado especulativo, em 1962. Contudo, seguiu carreira em Wall Street dedicando-se a pequenas atividades marginais e inovadoras: começou com o trading em opções, antes de essa atividade ser abocanhada pelo mercado organizado; em seguida, montou sua própria empresa de corretagem, na qual praticou com engenhosidade a arbitragem entre ações e obrigações conversíveis com estratégias de prazo; finalmente se interessaria por empresas “desvalorizadas” e acumularia títulos para ser admitido nos conselhos de administração dessas empresas e impor-lhes a venda. Esse percurso o impulsionou em direção à atividade de especulador puro e simples, na qual se distinguia por sua forma de intimidar a direção das empresas e forçá-las ao greenmail– nem mais, nem menos, uma forma de extorsão. Por acumular somas consideráveis e desmultiplicá-las com a contração de dívidas, rapidamente Icahn estende seu terreno de caça às maiores empresas do país, aquelas que figuram na classificação Fortune 500: ao longo da década de 1980, seus troféus mais importantes seriam a companhia aérea TWA, adquirida com o apoio dos sindicatos – contra quem Icahn se voltaria mais tarde –, e a gigante siderúrgica US Steel, rebatizada USX. Paralelamente, tentaria reconstruir sua imagem com doações ao Carnegie Hall, Universidade de Princeton e financiando a construção de albergues para moradores de rua.
A trajetória de Soros
George Soros possui todas as características do self-made man. Nascido em Budapeste em 1930, conseguiu escapar das garras dos alemães durante a ocupação do país e partiu para o Reino Unido após a tomada do poder pelos comunistas; lá, inscreveu-se na London School of Economics. Imediatamente após a guerra, esse estabelecimento de ensino concentrava os principais representantes da escola dos economistas austríacos. Soros seguiu os seminários de, notadamente, Lionel Robbins (antigo auditor do Privatseminar de Ludwig von Mises em Viena), Friedrich Hayek e, sobretudo, Karl Popper, ou seja, grandes mestres do pensamento neoliberal. Paralelamente, fez bicos – como professor de natação, carregador de bagagens, vendedor de souvenires – até conseguir um posto em uma modesta casa de corretagem da City, onde se ocupava da arbitragem. Em 1956, um colega norte-americano que acabava de ser demitido propôs que Soros se juntasse a ele em Wall Street, novamente em uma pequena instituição, F. M. Mayer & Co – de onde Soros sairia para trabalhar na Wertheim & Co, depois Arnhold & S. Bleichroeder como analista simples, antes de gerar um fundo de investimento para essa empresa. Soros continuaria com as atividades de arbitragem, principalmente no setor das matérias-primas e, nos anos de 1960, nas fusões da “era dos conglomerados”.
A partir dessas experiências, criou seu próprio fundo de investimento offshore em 1969, o Quantum Fund of Funds, domiciliado no paraíso fiscal de Curaçao, nas Antilhas Holandesas, mas gerenciado de Nova York. Investindo seu próprio capital e o de investidores particulares ou institucionais (Pierson, Heldring & Pierson, Banque Rothschild Paris…), especulava no mercado de ações e no mercado de obrigações, depois sobre o de divisas, quando as taxas de câmbio passaram a ser flutuantes, em 1973.13 Consagrado por um perfil publicado na Institutional Investor, em 1981, Soros saiu do anonimato e tornou-se um dos gerenciadores de capital mais renomados – momento em que se lançou em iniciativas filantrópicas, primeiro na África do Sul, depois na Europa Oriental. Em 1993, criou sua própria fundação (Open Society Institute), que coroava uma rede de fundações franqueadas por toda a Europa Oriental.14 Paralelamente, permaneceu no controle da Soros Fund Management LLC, a empresa que gerenciava a Quantum Fund, e se tornaria ilustre em 1992 por uma especulação desenfreada e exitosa em cima da libra esterlina, ou pelas opiniões sobre a Societé Générale no momento de sua “lapidação”.
Lumpemproletariado financeiro
A similitude das trajetórias sociais e das técnicas financeiras utilizadas explica, em grande medida, a coesão dessas histórias. A existência desse coletivo em tantos grupos precisava ser construída: seria necessário não apenas reunir esses indivíduos espalhados – “essa espuma de todas as classes”, diria Marx – para transformá-los em grupo identitário e atravessado por um projeto político, mas também organizá-lo e financiá-lo. Essa mobilização, em determinado momento, ganhou uma forma institucional identificável: a da intermediação bancária, especialmente encarnada no suspeitoso Drexel Burnham Lambert, que recrutava esses sicários do capital nos baixos da economia norte-americana e os armava com a potência dos investidores institucionais antes de lançá-los ao ataque contra a ordem industrial. Pela magia do crédito, esse lumpemproletariado financeiro – formado de vendedores com sacolas na mão, empalhadores amadores, gerentes de cassinos, especuladores, caçadores de petróleo, mercadores de dívidas e falências – vai estremecer a grande burguesia dos negócios.
BOX:
Cumes e abismos
“A firma”
No dia 22 de janeiro de 2010, o jornal britânico The Independent apresentou uma série de números relativos ao banco de negócios Goldman Sachs.
• 11,3 bilhões de euros: total de bônus distribuídos pela Goldman Sachs em 2009;
• 15.820 euros: lucro da Goldman Sachs por minuto;
• 8,5 bilhões de euros: lucro anual da Goldman Sachs (após o investimento de 11,3 bilhões de euros de bônus);
• 4,8 bilhões de euros: produto interno bruto (PIB) do Haiti antes do terremoto de janeiro de 2010.
• 350 mil euros: salário anual médio dos funcionários da Goldman Sachs.
• 29 mil euros: salário anual médio no Reino Unido.
• 48%: aumento anual dos salários e bônus pagos pelo banco em 2009.
• 7 bilhões de euros: valor arrecadado dos impostos dos contribuintes usado para recuperar a Goldman Sachs.
• 70 bilhões de euros: valorização da Goldman Sachs antes do crash da bolsa.
• 57 bilhões de euros: valorização da Goldman Sachs no dia 21 de janeiro de 2010.
• 40 milhões: estimativa do número de pessoas que perderam seus empregos por causa da recessão provocada pelos derivativos do setor bancário.
Coincidências
Relacionar a liberalização do setor bancário latino-americano com as crises do setor pode ser instrutivo.
• Chile. Liberalização em 1974, crise bancária em 1981.
• Argentina. Liberalização em 1976, crise bancária em 1980.
• Bolívia. Liberalização em 1985, crise bancária em 1987.
• Venezuela. Liberalização em 1989, crise bancária em 1993-1994.
Clemência
The Guardian (27 de junho de 2011) fez um balanço das sanções impostas aos grandes das finanças por ocasião da catástrofe financeira de 2008.
• Goldman Sachs: US$ 550 milhões “para colocar fim às acusações de que a empresa enganou investidores em relação aos títulos hipotecários securitizados”. Esse valor representa duas semanas de lucro.
• JP Morgan: US$ 153,6 milhões para saldar acusações similares. O banco registrou um lucro de US$ 17,4 bilhões em 2010. Em seguida, vieram as revoltas britânicas de agosto de 2011.
• Ursula Nevin foi condenada a uma pena de cinco meses de prisão por ter aceitado uma peça de roupa logo após uma onda de pilhagem da qual ela não havia participado (sua pena poderia ter sido maior).
• David Beswick passaria 18 meses atrás das grades inglesas por ter transportado um aparelho de televisão roubado por outra pessoa.
• Jordan Blackshaw (20 anos) e Perry Sutcliffe-Keenan (22 anos) foram ameaçados com pena de quatro anos de prisão por tentarem organizar, pelo Facebook, levantes que jamais aconteceram.
Dúvidas
De acordo com o British Social Attitudes Survey, 90% dos britânicos consideravam que os bancos eram bem administrados em 1983. Hoje, em 2011, 19% compartilham dessa opinião.