A boiada da B3: uma análise estético-política
A réplica kitsch do touro de Wall Street está desconectada da realidade no espaço, mas é uma obra de seu tempo, símbolo perfeito da conjuntura de agravamento das desigualdades
A réplica kitsch do touro de Wall Street está desconectada da realidade no espaço, mas é uma obra de seu tempo, símbolo perfeito da conjuntura de agravamento das desigualdades
Negócio da dívida, controle de empresas privadas, especulação à velocidade da luz. A Bolsa não é apenas uma das engrenagens-chave do sistema capitalista − desde sua aparição, encarna um propulsor fundamental: a insaciável busca do poder de gerar cada vez mais dinheiro
Se todas as mazelas do mundo se explicam pela primazia das finanças no capitalismo real e a financeirização é um desvio lamentável da economia de mercado, então, sim, a questão das demissões coletivas começa e termina na Bolsa. Mas se a economia pudesse se desfazer da “verruga financeira”,ela se tornaria mais virtuosa?Claude Jacquin
A Wall Street dos anos 1980 é o cenário de grandes mudanças econômicas e sociais: ao mesmo tempo que o mundo das finanças substitui a indústria, hordas de negociantes (traders) especializados em fusões e aquisições invadem o lugar da aristocracia bancária
Na maioria dos setores de atividade, os comportamentos de risco geram desconfiança. No meio financeiro, eles são recompensados. Mesmo quando levam empresas – ou países – à ruína. “Qualquer que seja o volume das perdas pelas quais são responsáveis, os figurões sempre conseguem se reerguer”
Criticar o mercado financeiro revela o que o discurso empresarial se esforça para acobertar: o enriquecimento rápido. Claro, nem todos os empreendedores são afetados por essa avidez desenfreada. Mas o fato é que essa instituição conseguiu a proeza de instalar na sociedade o fantasma da fortuna-relâmpago