Fechar a Bolsa?
Criticar o mercado financeiro revela o que o discurso empresarial se esforça para acobertar: o enriquecimento rápido. Claro, nem todos os empreendedores são afetados por essa avidez desenfreada. Mas o fato é que essa instituição conseguiu a proeza de instalar na sociedade o fantasma da fortuna-relâmpago
Por pouco, a crise global não nos fez esquecer que as finanças “dos mercados” – denominação meio idiota, mas necessária para distingui-la – parecem desenvolver-se num universo fechado, longe de tudo e principalmente do resto da economia – ou seja, das finanças acionárias, aquelas dos proprietários dos meios de produção e, em última análise, dos assalariados. Foi preciso uma onda de suicídios, tão delicadamente diagnosticada por Didier Lombart, presidente da France Télécom, para nos lembrarmos do desgaste cotidiano das finanças acionárias, cujas imposições de rentabilidade financeira foram implacavelmente convertidas em diminuição dos custos salariais, destruição metódica de qualquer possibilidade de reivindicação coletiva, intensificação extenuante da produtividade e degradação contínua das condições materiais, corporais e psicológicas de trabalho. Contra todas as tentativas de contestação, é preciso repetir a ligação de causa e efeito que leva do poder acionário – do qual mais nada nas estruturas presentes do capitalismo retém as demandas…