A ameaça de guerra nuclear
Ao anunciar que colocaria seu sistema de dissuasão em alerta, Vladimir Putin forçou o conjunto dos Estados-Maiores a atualizar suas doutrinas, em geral herdadas da Guerra Fria. A certeza de aniquilação mútua não basta para excluir a possibilidade de ataques nucleares táticos, alegadamente limitados – sob o risco de um desenrolar descontrolado
Todo mundo notou o tom da resposta: seco, para não dizer irritado. “Parem de história! Essa ideia de que vamos enviar [para a Ucrânia] equipamentos ofensivos, aviões e tanques... Digam o que disserem, seja quem for, isso seria a Terceira Guerra Mundial.”1 Em 11 de março de 2022, rejeitando vigorosamente as sugestões de políticos e especialistas que pediam um envolvimento mais direto dos Estados Unidos no conflito, Joe Biden fechou a porta para um enfrentamento convencional direto entre seu país e a Rússia. Ao mesmo tempo, o presidente dos Estados Unidos afirmou que assumiria uma possível escalada aos extremos caso a ofensiva russa viesse a se estender para o território de um dos membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Ficou assim estabelecida uma distinção entre um espaço sagrado, o da Aliança Atlântica, e um território ucraniano enquadrado em uma categorização geoestratégica específica – a qual, segundo os…