Ardósia mágica
Atribuir todas as dificuldades do momento a uma causa única já era uma prática da Roma antiga. Na época, Catão, o Velho, terminava todos os seus discursos, qualquer que fosse o objeto, exigindo que Cartago fosse destruída. Mais recentemente, em 1984, a televisão pública confiou ao ator Yves Montand a apresentação de um programa, Vive la crise!, destinado a fazer os franceses compreenderem que todos os seus males provinham do Estado de bem-estar social.
Atribuir todas as dificuldades do momento a uma causa única já era uma prática da Roma antiga. Na época, Catão, o Velho, terminava todos os seus discursos, qualquer que fosse o objeto, exigindo que Cartago fosse destruída. Mais recentemente, em 1984, a televisão pública confiou ao ator Yves Montand a apresentação de um programa, Vive la crise!, destinado a fazer os franceses compreenderem que todos os seus males provinham do Estado de bem-estar social.1 Uma limpeza social seria o remédio para isso. Depois, o terrorismo tornou-se a obsessão cotidiana, a nova ardósia mágica que permitia apagar todo o resto. Aliás, na hora seguinte aos atentados do 11 de Setembro de 2001, funcionários britânicos receberam esta mensagem da conselheira de um ministro: “É um ótimo dia para fazer passar sem oposição todas as medidas que devemos tomar”. Basta atribuí-las – “todas” – à “guerra contra o terrorismo”, inclusive aquelas sem relação…