A crise do leite
A União Europeia, que é a maior produtora mundial de leite, abriu mão dos instrumentos que a levaram a desempenhar o papel de “estocadora pública” do planeta. Não existem mais parâmetros para ajustar os preços e volumes frente à evolução dos mercados internacionais e os camponeses saem prejudicados
O final de 2009, uma “greve do leite” tomou conta da França, da Alemanha e de outros países europeus. A suspensão das entregas durou 14 dias, mobilizando 50% dos produtores, de acordo com a Associação dos Produtores de Leite Independentes (APLI). Essa entidade, fundada em 2009, foi responsável por promover mudanças significativas nesse setor de atividade, organizando uma infinidade de ações tais como protestos, operações de derramamento de leite nos campos e distribuições gratuitas para a população. O motivo de tanta agitação foi a queda vertiginosa do preço do leite pago ao produtor, que passou de 310 euros a tonelada em abril de 2008 para 220 euros um ano mais tarde1. Considerando que o preço de custo é avaliado, no melhor dos casos, em cerca de 260 euros a tonelada, não sobra praticamente nada para a remuneração do trabalho, o que vem deixando uma maioria dos camponeses abaixo do limite…