A democracia continua
Ainda na noite do plebiscito, as forças que apoiam o governo começaram a procurar as causas do fracasso, um processo de autocrítica que levará tempo
A derrota foi profunda. A proposta de uma nova Constituição para o Chile foi descartada por 61,86% dos quase 13 milhões de eleitores que foram às urnas no domingo, dia 4 de setembro. O trabalho dos 154 membros da Convenção Constitucional, que durou um ano, voltou à estaca zero. Ou quase, uma vez que, apesar do duro golpe recebido dos que a rejeitaram, ficaram alguns pontos conquistados pelas forças a favor da mudança, como a escolha por meio do voto da totalidade dos delegados constituintes, a composição paritária do órgão responsável pela redação da carta, a participação dos povos originários e as consultas às organizações sociais. Esse seria o ponto de partida do novo processo pelo qual passará o Chile, cujos contornos terão que ser discutidos e elaborados, certamente, em negociações complexas no Congresso, onde as forças que sustentam o governo de Gabriel Boric são minoria. Ao contrário de todas…