A Guerra Fria 2.0
Quem vencerá a batalha global dos algoritmos e das máquinas “que aprendem”? Os Estados Unidos ou a China? Por trás dessas questões esconde-se uma realidade mais prosaica. Para as empresas do Vale do Silício, o momento é propício para captar centenas de bilhões de dólares em subsídios públicos, mesmo que isso signifique tornar ainda mais dramático o confronto entre Washington e Pequim
“A Guerra Fria acabou”, proclamava em 1988 um folheto publicitário de um curioso videogame vindo do outro lado da Cortina de Ferro. Na parte inferior da capa, um post-scriptum: “... ou quase”. Convidando a enfrentar o “desafio soviético”, a propaganda anunciava: “Enquanto as tensões Leste/Oeste apenas começam a reduzir, os soviéticos marcam um ponto decisivo contra os norte-americanos”. Sobre um fundo vermelho vivo, acima de uma ilustração do Kremlin cercada por figuras geométricas, exibia-se em grandes letras amarelas a palavra “Тетрис”, com o símbolo da foice e do martelo servindo de letra final. No alfabeto latino, isso deu “Tetris”. O folheto, em exibição no Museu Nacional de História Americana em Washington, foi obra da Spectrum HoloByte, distribuidora do jogo nos Estados Unidos. A empresa de softwares do Vale do Silício, propriedade do barão da mídia britânica Robert Maxwell, já havia entendido que o tema da Guerra Fria poderia render e…