A Rússia é uma ameaça?
A paz é impossível? Por vezes se questiona em Washington se a culpa seria do presidente ucraniano. O conselheiro norte-americano de segurança nacional chegou a convidar Volodymyr Zelensky a deixar o cargo. Contudo, após três anos de conflito, a realização de eleições na Ucrânia parece complicada, com um desfecho incerto. Se os europeus apoiam, de modo geral, o chefe de Estado em exercício em Kiev, sua autonomia em relação aos Estados Unidos permanece mais teórica do que estratégica. Isso apesar do grande rearmamento anunciado por Bruxelas, Berlim, Londres e Paris, e apesar do sonho de união na adversidade. Então, a guerra é inevitável? Quando os dirigentes do Velho Continente inflam, em coro, o balão da ameaça russa, eles preparam sobretudo um conflito que afirmam querer prevenir
“A França não é uma ilha”, advertiu Emmanuel Macron em 20 de fevereiro nas redes sociais. “Estrasburgo-Ucrânia são aproximadamente 1.500 quilômetros, não é muito longe.” A Alsácia depois do Donbass? O alarmismo exacerbado do presidente francês pode ter arrancado um sorriso de seu ministro da Defesa, Sébastien Lecornu, que, como a maioria das pessoas sérias, descarta esse cenário: “Ser uma potência dotada da arma nuclear não pode, independentemente do ponto de vista, nos colocar na mesma posição de um país que não a possui”.[1] Seu antecessor, Hervé Morin, indagava no Le Journal du Dimanche, em 9 de março: “Será que precisamos preocupar excessivamente nossos compatriotas dizendo, grosso modo, que a ameaça máxima às fronteiras da França é a Rússia?” A questão poderia ser colocada nos mesmos termos na Alemanha, na Espanha ou na Itália. Contudo, e mais ao leste ou ao redor do Mar Báltico? Um conflito maior se anuncia…