A uberização dos jornalistas
Como outros trabalhadores, os jornalistas sofrem com a terceirização de suas tarefas e a degradação de suas condições de trabalho. Ao incentivarem a produção de artigos padronizados, esperados, copiados de agências de notícias, as empresas de mídia facilitaram a substituição dos redatores por executores mal pagos. À espera dos robôs…
Sonhar ser repórter e depois passar os dias produzindo textos sem ir a campo nem apresentar nenhuma fonte. Essa foi a experiência vivida por Clara Landrieux1 durante oito meses após sair da faculdade de jornalismo. Lançada em um mercado de trabalho pouco promissor, a jovem luta para conseguir um emprego. Assim, quando um amigo lhe fala sobre uma agência de notícias chamada 6Medias e de um “trabalho temporário” astucioso para se inserir na profissão, ela tenta a sorte. A fase de recrutamento se resume a um teste escrito “quase automaticamente” aprovado, segundo a jovem de 20 e poucos anos. Segue-se um treinamento de um dia, durante o qual Clara deve ser capaz de escrever oito matérias em poucas horas. Uma vez contratados, os jornalistas da 6Medias assinam, como freelancers, “matérias” para sites de veículos franceses renomados, como Le Point, Gala e Géo. Na maioria das vezes, o leitor ignora que…