Argentina universal
A Argentina exibe uma vocação para a transcendência expressa em heróis como Borges e Maradona, e – o que é muito mais notável – também foi capaz de dar origem a iniciativas coletivas de alcance universal
Com um PIB per capita anual de US$ 9 mil, mais ou menos o equivalente ao Brasil, Bielorrússia e Tailândia, a Argentina é um país pobre e de desenvolvimento médio que há meio século não consegue descolar-se do meio da tabela. Desprovida de uma grande população, sua trajetória econômica (declinante), sua posição geopolítica (irrelevante) e sua inserção internacional (limitada: fora alimentos, a Argentina não exporta nada de muito importante) nos condenam ao pelotão dos países destinados a passar despercebidos – que são, naturalmente, a maioria. No entanto, a Argentina exibe uma vocação para a universalidade que é inadequada para essa mediocridade persistente. Em primeiro lugar, porque é o berço de dois personagens universais: Jorge Luis Borges, o escritor-símbolo da modernidade, criador de um sistema único que dialoga, tergiversa ou inventa diretamente os grandes textos universais, colocando o centro do mundo numa casa na Rua Garay, numa esquina de Palermo ou…