Argentina: vantagens e riscos de um plano de choque
Os economistas concordam que certos níveis de inflação podem ser tratados com programas gradualistas, mas que a inflação persistentemente alta requer um plano de choque. O problema é que sua realização demanda um forte poder disciplinador do Estado ou um consenso político, condições que não se veem atualmente
Nos meios jornalísticos e acadêmicos, não faltam comentários sobre a economia argentina como um caso único, que só ocorre neste canto do planeta. O Prêmio Nobel de Economia Simon Kuznets defendia que existem quatro tipos de países: desenvolvidos, subdesenvolvidos, Japão e Argentina, o que indiretamente ajudou a consolidar aquela ideia de sermos únicos e especiais, neste caso para pior, como gostam de apontar os compatriotas que odeiam seu próprio país. Enquanto isso, no imaginário social persiste a representação da Argentina como um país rico em recursos naturais, “com todos os climas” e um território gigantesco, que não sofreu grandes guerras ou cataclismos, uma população razoavelmente educada e sem confrontos étnicos ou raciais, mas que não consegue deixar de continuar afundado em um pântano de dívidas e restrições. Efetivamente, há um aspecto em que a economia argentina é única no mundo: a inflação cronicamente alta. No século passado, muitas outras economias…