As interpretações políticas do “estallido”
O discurso do presidente Gabriel Boric em 18 de outubro deste ano abriu um desafio às interpretações que têm sido feitas sobre o “estallido” chileno de 2019, reclamando visões mais complexas e abrangentes que superem as unilateralidades e os reducionismos das leituras feitas até agora
A interpelação lançada pelo presidente chileno Gabriel Boric em 18 de outubro é clara: “O 18 de Outubro deveria desafiar a todos nós e, em vez disso, temos usado isso como um motivo para reafirmar o que já pensávamos antes. Três anos depois do ‘estallido’ social, é tempo de sair da nossa zona de conforto para interpretar o que ali se passou, as lições que devemos tirar desse processo e agir. O estallido não foi uma revolução anticapitalista e nem, como quiseram reafirmar nos últimos dias, uma pura onda de crimes. Foi uma expressão de dores e fraturas de nossa sociedade que a política, da qual fazemos parte, não soube interpretar nem dar respostas. Quando lemos o estallido apenas para reafirmar nossas concepções, estamos fugindo de sua mensagem e ensinamento”. A partir do desafio formulado pelo presidente, urge revisar os campos discursivos que lutam para interpretar os acontecimentos de 2019…