As manipulações da história
A história é manipulada de todas as formas. Ela justifica guerras, desqualifica adversários, fortalece identidades coletivas. Qualquer um pode ocultá-la, reescrevê-la, distorcê-la, pegar uma analogia ou referência, desde que reforce sua tese. Nesta batalha para moldar o debate público em torno de um relato ajustado a seus interesses, aqueles que detêm os grandes meios de comunicação possuem uma arma poderosa
A capitulação da Alemanha mal havia sido assinada quando o Instituto Francês de Opinião Pública (Ifop) já interrogava os franceses: “Qual é, segundo você, a nação que mais contribuiu para a derrota da Alemanha?”. Na época, em maio de 1945, todos tinham em mente os milhões de soldados soviéticos que caíram no front oriental, seu papel decisivo no enfraquecimento do Exército nazista e o tardio engajamento dos norte-americanos no conflito. Assim, 57% das pessoas entrevistadas responderam “a União Soviética”, contra apenas 20% para “os Estados Unidos”. No entanto, em 2024, quando o Ifop fez a mesma pergunta, as respostas se inverteram: 60% dos entrevistados apontam os norte-americanos, e 25%, os soviéticos. A memória coletiva é uma construção que varia conforme as épocas, as relações de poder e os interesses do momento. Com o passar do tempo, Hollywood erigiu os Estados Unidos como salvadores do mundo, com seus filmes celebrando o…