As máscaras do soft power
“O presidente Donald Trump não entende o soft power”, lamentou recentemente Joseph Nye, criador da noção de “poder suave”. Essa capacidade de influência, sobretudo cultural, que os Estados Unidos usariam para subjugar o mundo também seduziu muitos intelectuais. Seu sucesso se deve, em grande parte, ao fato de cobrir com uma luva de veludo o punho de aço da coerção
Desde sua enunciação, em 1990, pelo cientista político e membro frequente do poder norte-americano Joseph Nye, a noção de soft power – “poder suave” – impôs-se para descrever a diplomacia de influência associada à globalização liberal centrada nos Estados Unidos, a qual está chegando ao fim diante de nossos olhos. Reaproveitada tanto na China como na Europa, ela foi, por muito tempo, mobilizada nos discursos de políticos e especialistas e em comentários na mídia. Em uma época de intenso rearmamento, de desmantelamento do direito internacional e de crescimento de etnonacionalismos agressivos, o soft power já não exerce mais influência sobre as realidades globais – supondo que a tenha exercido algum dia. Ao atacar a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), o presidente norte-americano, Donald Trump, tem como alvo uma instituição concebida para combater o comunismo e, mais recentemente, para enfrentar regimes denominados “iliberais”, ao difundir pelo mundo…