Cordão da Mentira vai às ruas nos 50 anos do AI-5
O bloco, que pauta a memória da ditadura, ressalta a importância da disputa de narrativa em tempos de retrocesso
“Denunciar a verdade sobre a mentira de um passado que não passa” é ao que se propõe o Cordão da Mentira, bloco carnavalesco que une intervenção estética e política e desfila pelas ruas de São Paulo desde 2012, não deixando esquecer a violência e crimes cometidos durante os 21 anos de ditadura civil-militar no Brasil. Em memória aos 50 anos do AI-5, o bloco realiza na próxima quinta-feira, dia 13, um ato no Maria Antônia, prédio que, à época da ditadura, sediava a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e foi um importante polo de resistência. O ato será composto por apresentações musicais e teatrais e falas de pessoas que vivenciaram a violência no período e a vivenciam ainda hoje por meio de suas heranças.
O Ato Institucional de número 5, assinado em 13 de dezembro de 1968, foi o marco do endurecimento da ditadura, suspendendo direitos individuais e caçando os poderes do legislativo e judiciário. Professores foram perseguidos, direitos políticos cassados, a concessão de habeas corpus por motivações políticas suspensa, e censores se instalaram nas redações e no meio artístico. A repressão que já torturava e matava agora era institucionalizada.
Segundo o convite feito pela organização do ato, pautar a ditadura é também disputar essa narrativa histórica, que mais do que nunca parece estar em risco com a ascensão de uma extrema direita saudosa: “Quem não encara seus fantasmas volta sempre a ser assombrado por eles”. Se juntam ao Cordão da Mentira neste ato de resistência representantes das Companhias de Teatro da cidade de São Paulo, Movimento Mães de Maio, Comitê Memória Verdade e Justiça, Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, Coletivo Merlino, Paulinho Tó, Cabaré Feminista, Bloco das Pombagira, Banda Anhangabaíba, Arrastão dos Blocos, Slam da Guilhermina, Terreiro Grande, Roda de Samba do Cordão da Mentira, Bel Borges, Projeto Nosso Samba, e outros. A programação começa às 17h na Rua Maria Antônia, 258.