Desglobalização financeira e soberania nacional
A crise grega reabre o debate sobre o financiamento das dívidas públicas e seus credores. Ressurgem as imposições do mercado internacional, penalizando a população. Países como o Japão, no entanto, têm uma dívida pública apenas interna, o que muda todo o jogo de poder
Os analistas da crise grega se encarregam de manter separadas as questões que podem das que não podem ser feitas – particularmente aquelas sobre as dívidas públicas. Uma questão que os europeus se esforçam para enterrar é a possibilidade de esse financiamento não mais ser feito, exclusivamente, pelo mercado de capitais sob o comando dos investidores internacionais. A simples observação dos estragos feitos pela exposição das finanças públicas gregas aos mercados poderia provocar o desejo de explorar soluções menos desastrosas – como o recurso ao financiamento monetário dos déficits, através da abertura de créditos pelo Banco Central, com emissão de moeda para o Tesouro.1 Poderia incitar ainda a pensar sobre o caso singular do Japão, também um país extremamente endividado, mas que está ausente da crônica das crises de dívida pública. Se olharmos para a dívida grega, seu montante é de 270 milhões de euros, isto é, 113% do PIB…