Dubai, uma queda anunciada
Como se fizesse questão de figurar no livro dos recordes, Dubai anunciou projetos cada vez mais caros e extravagantes. A cidade-Estado queria ser “o primeiro destino turístico do mundo”. Megalomania ou pulo no precipício? Evidentemente, uma bolha especulativa estava inflando e o governo retardou seu estouro
A crise financeira de 2007 e 2008 parecia ter poupado Dubai. O emirado ainda brilhava sob a luz dos fogos de artifício, os megaprojetos se multiplicavam e os fundos soberanos disputavam as ações dos grandes bancos internacionais1. Foi, inclusive, no pior momento da crise, em outubro de 2008, que Dubai – cujo projeto de construção da torre mais alta do mundo, à época nomeada de Burj Dubai, já havia sido iniciado pela empresa Emaar – anunciou a edificação de outro prédio, ainda mais alto. Essa torre de Babel com mais de um quilômetro de altura, concebida pela Nakheel, outro gigante das obras públicas, deveria ser erguida no centro de uma nova cidade, de 270 hectares, destinada a encarnar “o coração da nova Dubai”. Custo estimado: US$ 160 bilhões para o conjunto do complexo; US$ 45 bilhões só para a torre. Mais que um “caso de sucesso”, Dubai exibia então para…