Entre o fujimorismo econômico e as mobilizações sociais
A persistência do modelo neoliberal estabelecido por Alberto Fujimori é a chave para explicar a instabilidade política peruana. Embora a coalizão de esquerda liderada por Pedro Castillo tenha fracassado, a tentativa do atual governo de recriar uma aliança conservadora ao estilo dos anos 1990 está em xeque em razão das mobilizações sociais sem precedentes que ocorrem no país desde dezembro
Com mais de cinquenta mortos desde o início dos protestos em dezembro passado, o Peru vive etapa marcada por uma instabilidade política e social de intensidade nunca vista em sua história recente. A saída antecipada de Pedro Castillo da Presidência, em 7 de dezembro, sua posterior prisão e a sucessão constitucional de sua vice-presidenta Dina Boluarte desencadearam uma série de mobilizações que estão comovendo por sua persistência e pela violenta repressão exercida por parte do governo.[1] Essas mobilizações também ameaçam o nascente governo de Boluarte, e parecem comprometer sua estratégia de permanecer no poder até 2024. Desde quando o Peru vive esses momentos de instabilidade política e esses níveis de violência? É uma instabilidade conjuntural ou tornou-se crônica? A existência de um sistema partidário fragmentado e a ausência de lideranças com poder e recursos são a razão dessa crise? Ou trata-se de um problema não resolvido de natureza econômica? [caption…