Esplendor e miséria do jornalismo na era digital
Em vez de singularizar seus conteúdos para conseguir se diferenciar, os jornais apostam na onipresença e na rapidez. É preciso estar em todo lugar, a qualquer momento, em todas as plataformas e modos de expressão – blog, vídeo, foto, mecanismos de busca –, além de comunidades como Facebook ou Twitter
Em 2006, um dirigente do banco BNP Paribas, que estava entre os convidados do congresso da Federação Nacional da Imprensa Francesa, em Estrasburgo, causou frisson ao declarar que a situação atual dos jornalistas é similar à dos operários da indústria siderúrgica nos anos 1970: estão condenados a desaparecer, mas não sabem disso ainda. Os números parecem lhe dar razão: no final de 2009, na França, mais de 2.300 postos de trabalho haviam sido suprimidos na área. O país sofre com uma crise comparável àquela dos jornais americanos, em que mais de 24.500 jornalistas perderam seu emprego no ano passado e cujo número total de funcionários foi reduzido de 415 mil para 300 mil em apenas uma década1. Em 2009, o Washington Post teve de fechar seus escritórios fora da capital, enquanto o Los Angeles Times e o Chicago Tribune foram obrigados a recorrer à lei de falências para se proteger.…