Dois pesos, duas medidas
Do ponto de vista do direito internacional, a situação é clara: a Rússia ocupa ilegalmente seu vizinho ucraniano, assim como Israel ocupa ilegalmente seu vizinho palestino. Ambos deveriam inspirar a mesma reprovação dos ocidentais. Não é o que acontece
Do ponto de vista do direito internacional, a situação é clara: a Rússia ocupa ilegalmente seu vizinho ucraniano, assim como Israel ocupa ilegalmente seu vizinho palestino, o que as Nações Unidas condenaram repetidamente. Ambos deveriam inspirar a mesma reprovação dos ocidentais, que defendem a ideia de uma “ordem baseada em regras” (ruled-based order). Não é o que acontece. Em um caso, os Estados Unidos e a União Europeia ficam ao lado do país agredido; no outro, do país agressor. Desde os primeiros dias da guerra, o Velho Continente abriu suas portas para milhões de exilados ucranianos, em um gesto de hospitalidade capaz de deixar pálidos os refugiados do Iraque, da Síria e do Afeganistão. Os ucranianos “se parecem conosco”, justificou um editorialista britânico. “Eles assistem à Netflix, têm contas no Instagram, votam em eleições livres e leem jornais não censurados.” Ninguém propõe acolher as centenas de milhares de habitantes que…