Giorgia Meloni, a ideóloga pragmática
Apoiando-se numa popularidade que não diminui e no fracasso de dois referendos promovidos pela oposição sobre naturalização e direitos trabalhistas, a presidenta do Conselho dos Ministros italiano, Giorgia Meloni, continua a levar adiante seu programa, inclusive no âmbito da União Europeia. Manter-se numa posição intermediária entre a Europa e os Estados Unidos será, sem dúvida, um desafio ainda maior
Em setembro de 2022, após vitória expressiva nas eleições legislativas, a líder do Fratelli d’Italia, a nacionalista Giorgia Meloni, transformou-se numa europeísta crítica: ela incorporou ao seu discurso (e ao seu programa socioeconômico) o neoliberalismo de Mario Draghi, seu antecessor e ex-diretor do Banco Central Europeu (BCE) e, num mesmo movimento, afastou-se de Vladimir Putin para afirmar um atlanticismo inabalável e seu apoio irrestrito à Ucrânia. Muito atuante nas instituições de Bruxelas, ela cultiva uma notável cumplicidade com a presidenta da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Apesar da situação financeira deteriorada, a Itália ocupa o primeiro lugar entre os Estados-membros beneficiários do Mecanismo de Recuperação e Resiliência (MRR): mais de 190 bilhões de euros em empréstimos e subsídios, enquanto o país está sujeito a um procedimento de infracção por quebrar regras fiscais europeias.[1] Em 2024, a dívida pública correspondeu a 135%, e o déficit público, a 3,4% do PIB.[2]…