Jornalismo francês, um perigo público
Desde 7 de outubro de 2023, os principais meios de comunicação franceses zelam pelo alinhamento dos astros autoritários. Seu apoio incondicional a Israel vem acompanhado da difamação de opiniões dissidentes, questionamento das liberdades públicas e caça aos imigrantes. Até onde vai essa guerra ideológica? A serviço de quem?
Um momento de loucura midiática simultaneamente revelou e precipitou uma mudança política. Nas semanas que se seguiram aos massacres perpetrados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, o governo e os principais veículos de comunicação da França conseguiram uma dupla façanha: excluir do “arco republicano” o partido de esquerda A França Insubmissa, única formação parlamentar que se recusou a absolver antecipadamente as represálias militares do governo de Israel em Gaza e, simetricamente, nele incluir o Reagrupamento Nacional (RN), de extrema direita. O partido fundado em 1972 por Jean-Marie Le Pen – considerado indigno de governar pelas classes dominantes, as quais foram a público pedir um “bloqueio” contra ele nas urnas – viu-se subitamente reabilitado e redimido por seu alinhamento com as posições do governo israelense de Benjamin Netanyahu. No CNews-Europe 1, a jornalista Sonia Mabrouk celebrou em Marine Le Pen “a muralha, a proteção, o escudo para os judeus…