Lobby na regulação dos alimentos ultraprocessados
Assim como o tabaco esteve no centro do debate, a regulação dos alimentos ultraprocessados deverá dominar as discussões de saúde pública no Brasil e no mundo nos próximos anos e décadas. Não há mais como desviar o foco. Trata-se de uma pauta cuja hora chegou
Há doze anos, em 20 de agosto de 2009, a Anvisa conduzia uma audiência pública para debater a regulação da publicidade de alimentos não saudáveis no Brasil. A discussão, que já se arrastava por quatro anos, encontrava seu clímax. O acirramento fazia-se notar inclusive fisicamente, pois os grupos favoráveis e contrários à medida se postaram em lados opostos no auditório. A tensão revelou-se à tarde, quando a indústria começou a questionar a competência legal da agência para regular o tema. Preocupado com a iminente aprovação da norma, Edmundo Klotz, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), ameaçou recorrer à justiça para barrar a regulação: “Se não atender a nossos interesses, nós procuraremos aquele Estado onde estiverem nossos interesses... Se for o caso do Judiciário, perfeitamente; se não for, não. Não é uma ameaça, apenas o caminho natural das coisas dentro da democracia. Se estiver dentro daquilo que nós…