Monstros, utopias esmaecidas e a unidade contra a putrefação do Estado
O sistema de alianças políticas que fora conveniente, à esquerda e à direita do espectro político nacional, faliu em 2013
O “corte” unitário nesta etapa é menos diretamente classista e é mais informado pelas disputas políticas imediatas da conjuntura
Numa certa parte dos seus Quaderni, Gramsci, do fundo do cárcere, lembrou aos seus camaradas – com uma parábola moral sobre o “libertinismo” – um aspecto essencial da hegemonia. Falava sobre aquela que é baseada mais na força do que na capacidade moral e política de dirigir. Disse ele: “quando a pressão coercitiva é exercida sobre todo o complexo social [...] desenvolvem-se ideologias puritanas, que dão a forma exterior da persuasão e do consenso ao uso intrínseco da força: mas, uma vez obtido o resultado [a dominação], pelo menos em certa medida a pressão se quebra”. A persuasão era ilusória no exemplo do filósofo prisioneiro, pois nas formas brutas de dominar o consenso não perduraria na alma dos coagidos. O processo político aberto com a deposição golpista da presidenta Dilma expôs a crise da nossa democracia liberal-representativa, mas também tornou transparente o impasse da sua forma republicana. Vai perdurar o…