Na cozinha do mercado eleitoral
Contrariamente ao que sugere o teatro democrático reencenado a cada eleição, cada vez menos são os eleitores que escolhem seus representantes e cada vez mais são os partidos políticos que selecionam seu eleitorado
Considerada capaz de “reunir” uma maioria de “cidadãos” em torno de grandes temas unificadores, a eleição, para os partidos, consiste sobretudo em adicionar partes do mercado democrático – empregados, funcionários públicos, executivos etc. – em quantidade suficiente para conquistar ou conservar o poder. Em resumo, para constituir uma coalizão politicamente majoritária.1 Como os estados-maiores dividem essas porções e que meios usam para mobilizá-las? Em uma palavra, como eles fabricam um eleitorado com base numa população? Eles se apoiam de início nas estatísticas e pesquisas de opinião que captam as transformações das condições de vida e as expectativas, as inclinações e os anseios dos eleitores em potencial. Essas colunas de números dissecam uma população distribuída por sexo, idade, diploma, local de residência e, sobretudo, profissões e categorias socioprofissionais. Parciais e fragmentárias, elas oferecem um apanhado do espaço eleitoral francês e dos interesses contraditórios que ali se defrontam. Os motoristas raramente votam…