Na Polônia, a solidariedade desmorona
Desde a invasão russa à Ucrânia, milhões de refugiados chegaram à Polônia e muitos permaneceram. Nesse país de emigração, resistente à imigração, os recém-chegados têm acesso ao mercado de trabalho e à educação. Porém, o sistema de acolhimento polonês, previsto para ser temporário, depende da hospitalidade da sociedade civil, a qual está perdendo força
Luzes fracas aparecem no escuro. Elas desenham as janelas idênticas de um edifício de concreto em Varsóvia. Os gritos de seis crianças ecoam no pátio de cimento. Crianças pequenas correm em um loft moderno e uma delas pula com os dois pés em um sofá chique. O proprietário, Darek Gocławski, conversa em russo com as mães delas, as senhoras Tatiana Levtchenko, Irina C. e Anna B.1 São suas “hóspedes” da Ucrânia, explica o arquiteto polaco. Desde 24 de fevereiro, dia da invasão russa ao país vizinho, ele se ofereceu para acomodar os deslocados de guerra em seu vasto local de trabalho. “Mulheres e crianças chegavam aos montes à estação, eu tinha de fazer alguma coisa. A guerra está a apenas 300 quilômetros de minha casa”, emociona-se. “Coloquei um informe no Facebook. Achei que essa acolhida seria temporária.” Mas a guerra continua. O êxodo também. Então, na primavera, esse pai de…