No Peru, o golpe permanente
Eleito em 2021, o presidente peruano Pedro Castillo cometeu erros. Muitos erros. Porém, os equívocos dos líderes de esquerda pesam mais que os outros, já que a mídia perdoa tudo dos conservadores. Se as falhas de Castillo contaram tanto, foi porque ofereceram a seus adversários uma justificativa para o projeto que haviam imaginado desde que ele chegou ao poder: derrubá-lo
Em 7 de dezembro, o presidente peruano Pedro Castillo foi destituído pelo Congresso. Os deputados o acusaram de tentativa de golpe contra eles e de instauração do estado de exceção no país. Declarando o chefe de Estado culpado de “crime de revolta”, o Congresso fez com que ele fosse preso, com o Ministério Público requerendo ao Tribunal Constitucional uma prisão preventiva de dezoito meses. Muitas vezes, uma tensão opõe o direito internacional e o direito nacional no que diz respeito ao conceito de revolta. Enquanto o preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) se refere ao “recurso supremo [...] à revolta contra a tirania e a opressão”, o artigo 346 do Código Penal da República do Peru “condena a revolta” com uma “pena nunca inferior a 10 anos e nunca superior a 20 anos de expatriação”. O poder está obviamente ansioso para condenar qualquer rebelião como uma ameaça à…