Nos Estados Unidos, as teorias da conspiração dos progressistas
O fim da presidência de Donald Trump não baniu os excessos que a acompanharam. Seus adversários continuam a apresentar o ex-incorporador imobiliário como um perigo vital que exige mobilização constante. E isso a ponto de a analogia com Adolf Hitler ter se tornado corrente até entre os que sabem seu significado. Esses exageros têm um objetivo. Qual?
Avaliar até que ponto Donald Trump foi um mau presidente é o passo inicial para uma apreciação séria do dilúvio de discursos delirantes que, nos Estados Unidos, submerge o debate público há cinco anos. Segundo todas as evidências, o bilionário de Nova York foi um dirigente execrável: egocêntrico, eivado de preconceitos, incapaz de empatia, vaidoso, inconsciente de suas responsabilidades. Não parava de mentir, inclusive sobre assuntos facilmente verificáveis, e de se comportar como demagogo, fingindo se preocupar com as classes populares. Usou a função suprema para enriquecer, locupletar os amigos e permitir às corporações refazer as leis conforme seus interesses. E negava a legitimidade de toda eleição cujo resultado não lhe conviesse. Entretanto, todas essas constatações, exceto a última, poderiam aplicar-se a vários dirigentes norte-americanos dos últimos cinquenta anos, notadamente alguns locatários da Casa Branca que foram bem mais longe que Trump no uso destruidor do poder presidencial. Ronald Reagan,…