Notas político-antropológicas sobre o fim do mundo
Vamos continuar produzindo incessantemente e sacrificar vidas ou vamos repensar a nossa economia e colocar como primazia a vida?
Em 1541, houve um maremoto que devastou São Vicente, a primeira vila da América portuguesa. A onda gigante destruiu a igreja, o conselho municipal, a cadeia, estaleiros, pelourinho, casas. Foi o pior desastre natural da região. Exatos quatro séculos depois, em 1941, o Guaíba alagou a cidade de Porto Alegre por ter subido de uma maneira nunca antes vista: depois de 22 dias de chuva, aumentou 4,76 metros em 8 de maio. Em 1967, o rio alagou novamente a cidade, tendo excedido em 3,11. Em setembro e novembro de 2023, aconteceu o mesmo: subiu respectivamente 3,18 e 3,46. Em 2024, o Guaíba superou a sua marca histórica e chegou a 5,35 metros. Marca que, segundo especialistas, ainda pode ser superada.
O que esses eventos têm em comum? O primeiro se trata de uma conjunção de fatores naturais sobre os quais os seres humanos não têm responsabilidade. Se vidas foram perdidas e o cotidiano foi virado às avessas, poderíamos legitimamente inocentar-nos de participação. Já os demais, que têm em comum a água como pretensa vilã, não encontram plausibilidade na culpabilização de mares, rios, lagoas e chuvas. A partir do século XVIII, as mudanças climáticas são resultado da atividade humana. Pessoas perderam suas casas, familiares, trabalho, vidas em todos esses acontecimentos dos séculos XX e XXI. O motivo não são mais conjugações de fenômenos naturais ao acaso. É, bem diferentemente disso, a conclusão bastante advertida dos rumos que decidimos seguir como sociedade – nacional e mundial.
De um lado, temos o entusiasmo sobre a necessidade e a perspectiva de produzir cada vez mais riquezas independentemente dos resultados climáticos que isso acarreta. De outro, temos os avisos daqueles que estão atentos às possibilidades cada vez mais dificultadas de continuarmos, inclusive, a habitar esse planeta por muito tempo. Pois bem: qual será a decisão? Vamos continuar produzindo incessantemente e sacrificar vidas ou vamos repensar a nossa economia e colocar como primazia a vida? Essa é, sempre foi e sempre será uma decisão política.
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Sabe-se há alguns anos sobre as grandes chances de vivenciarmos o que estamos experienciando agora. Assim como se sabia da iminência da pandemia de Covid-19 em 2019. Os alertas epidemiológicos enviados à China e à Organização Mundial da Saúde, assim como os estudos que relatavam a realidade que estamos vendo, foram singelamente ignorados. Não se tratou, em nenhum dos casos, de falhas analíticas, mas sim, de escolha política: há classes que têm prevalência nas decisões tomadas. Seus interesses imediatos são divergentes com os alertas e estudos científicos sobre epidemias, pandemias e devastação climática. Não é uma decisão muito inteligente a longo prazo, mas o fato é que essas classes não são nem muito inteligentes, nem conseguem raciocinar a longo prazo. O Estado, que já foi entendido como um capitalista global ideal, teria a função de zelar pelos interesses do sistema, como a manutenção dos insumos necessários e a reprodução do operariado. Mas o que vemos hoje é que as classes dominantes têm anulado até mesmo essa função estatal de preservação. Com as peças em suas mãos, são elas que estão colocando em xeque o planeta no tabuleiro das decisões que ditarão nosso futuro. Estamos, neste momento, passando pela sexta extinção em massa. E é devida à ação humana.
Há certo consenso de que estamos vivendo o antropoceno, período geológico cujo marco inicial ainda gera alguma controvérsia, mas que tem o final do século XVIII e a consolidação do capitalismo como maior postulante. A partir daí, é a ação humana que exerce mais impacto sobre o planeta e a vida na Terra. No século XX, há o lançamento das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki em agosto de 1945, o que fez com que Gunther Anders decretasse que a humanidade ingressava no “tempo do fim”. A existência humana, pela primeira vez em milhares de anos, estaria em risco. Havíamos criado, finalmente, as condições da nossa própria aniquilação. Ulrich Beck, no meio dos anos 1980, trouxe para o universo das ciências sociais um debate a respeito da sociedade de risco. O mundo assistia, sem saber do perigo real, à crise em Chernobyl. Os problemas resultantes do desenvolvimento irrestrito de um mundo que recentemente saíra da corrida espacial começavam a aparecer. Pela primeira vez, passava-se a debater que um cuidado específico com o meio ambiente se fazia necessário para a preservação da espécie humana. A crise ecológica, que nos anos 1960 era uma suspeita, passava a ser uma certeza e um problema que os governos mais poderosos do mundo deveriam enfrentar. A palavra de ordem era “progresso”, o que significava avançar com as forças produtivas. Que efetivamente avançaram, porém, de maneira irresponsável. Paulo Arantes diria que o progresso havia envelhecido. E o que parecia um horizonte armagedon catastrofista se apresenta agora como realidade irreversível. O que soava como melodrama para muitos, hoje, poderia se transformar em um aterrador e insolente coro de “eu avisei”.
Para a teoria da sociedade de risco, viveríamos em um mundo que oferece uma falsa ideia de que haveria uma pretensa racionalidade dos consumidores em relação aos riscos de consumir – todos os atores que vivem nas sociedades ocidentais – ao mesmo tempo que afirma poderem ser criadas metas supostamente sustentáveis de consumo. Diminui-se, com isso, a responsabilização dos Estados, que é em parte transferida aos indivíduos. Indivíduos que, na verdade, apenas usufruem da produção massiva promovida pelos grandes agentes do capital: as necessidades criadas historicamente são resultado de demandas de produção e lobby. Portanto, atribuir ao consumo de bens a destruição climática é como culpar a vítima carbonizada por um incêndio criminoso: o que tem causado o aquecimento global é a produção e distribuição de bens em escala global.
Ainda que o aumento anormal de temperatura do planeta que causa os desastres climáticos a que assistimos seja resultado das políticas equivocadas de governança global, podemos constatar como a prevalência dos interesses do capital nas decisões governamentais tem ceifado vidas. No dia 9 de abril de 2024, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, sancionou uma lei, fortemente requisitada pela bancada ruralista e pelo setor imobiliário, que visava a flexibilizar a construção de barragens nas conhecidas Áreas de Preservação Permanente (APP). Essas áreas têm especial importância na contenção das águas em momentos com grandes volumes de chuva. A FEPAM (Fundação Estadual de Proteção Ambiental) apontou o absurdo da lei, que permitia aos empresários atuarem e modificarem essas áreas sem qualquer supervisão de órgãos públicos. A resposta do governador foi veloz e contundente: o fim do financiamento aos centros de pesquisa e às ações de manutenção de ecossistemas típicos do bioma gaúcho, o pampa. Muito desse dinheiro foi transformado em linhas de crédito para empresários ligados ao agronegócio, mesmo que sua situação esteja irregular em relação às (poucas) regras ambientais restantes.
Em 2023, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, investiu o total de zero reais em medidas de prevenção de enchentes, de acordo com os dados do Portal da Transparência. O departamento responsável pelas áreas de águas e esgoto do município perdeu mais da metade do seu pessoal na última década. E houve um concurso, que deveria contratar mais de 400 novos funcionários, interrompido por decisão unilateral do prefeito. Além da insuficiência de pessoal, o investimento nulo levou à deterioração dos sistemas de proteção do município que foram instaurados nos anos 1970. Esses sistemas deveriam ser capazes de suportar um nível d’água na casa dos seis metros; entretanto, colapsaram por volta dos 3 metros. Por certo, essa sequência recente de decisões desastrosas não pode ser considerada a única responsável pela tragédia humanitária que enfrentam milhões de pessoas no estado, mas é emblemática a respeito de qual é o rumo escolhido quando há o embate político entre produtores e ambientalistas. Como disse Eduardo Galeano, “se a natureza fosse um banco, já teria sido salva”.
Se voltarmos a 2019, talvez as coisas pareçam fazer mais sentido: nesse ano, o já governador alterou profundamente o código de meio ambiente do Rio Grande do Sul. O código, criado em 2000, foi atacado durante muitos anos por diversos partidos de direita do estado, mas foi só com a capacidade de articulação do atual governador que 480 pontos foram finalmente modificados, levando novamente à flexibilização das medidas ambientais. Note-se o curioso uso da palavra “flexibilização”: aparece como termo preferido daqueles que visam a atender interesses econômicos de frações específicas da sociedade em detrimento ao interesse geral, como se fosse o outro lado o intolerante, por inflexíveis que seriam. O argumento era simples e objetivo: deveríamos modernizar as relações entre a preservação ambiental e o desenvolvimento econômico. Aparentemente, a natureza não concordou com os argumentos do governador.
A crise ambiental vem sendo fortemente debatida nas últimas décadas, sendo apontada como a última crise do capitalismo. Talvez por esse motivo, em 2014, a então presidenta Dilma Rousseff encomendou um relatório, que custou R$ 3,5 milhões, sobre os impactos ambientais das mudanças climáticas no país. O relatório chamado “Brasil 2040” trouxe previsões trágicas: destacavam-se aumento de cerca de 15% no índice de chuvas no Sul, aumento das secas no Nordeste, mortes por ondas de calor extremo, falta d’água no Sudeste e colapso total de grande parte do sistema hidrelétrico nacional.
O conhecimento retirado da perspectiva de destruição do planeta, ao invés de gerar algum recuo por parte das frações mais ricas e dos Estados-nação, parece ter configurado uma espécie de fisiologia em fuga. A psiquiatra suíça Elizabeth Kübler-Ross criou a teoria mais aceita acerca das fases do luto. A primeira fase é a negação. A negação da perda se transformaria, com o tempo, no mais das vezes, em raiva. Os negacionistas climáticos parecem não ter alcançado a segunda fase e vêm espalhando suas teorias mirabolantes por todo o globo. Mas mesmo aqueles que não se coadunam com tais teses, quando no exercício do poder, são levados pelo poder econômico a tomar medidas de caráter claramente destrutivo em relação ao meio ambiente. Eles afirmam ser um dos preços de governar, fazer concessões, ser flexíveis.
Além da captura da política pelas elites econômicas, há um problema especificamente político para os atores mais próximos de agendas ambientalistas: a capilaridade eleitoral da agenda de enfrentamento às mudanças climáticas. Ednaldo Ribeiro, Luciana Veiga e Victor Piaia mostram que a pauta teve certa importância nas eleições presidenciais de 2022. Todavia, pesquisa recente do Instituto de Tecnologia e Sociedade de 2023 aponta que apenas 52% da população brasileira se diz muito preocupada com o meio ambiente quando instigada a responder a respeito – um número que já é menor do que o de 2022. Ainda, em levantamento de dezembro do mesmo ano do Datafolha, só 1% do eleitorado apontou espontaneamente o meio ambiente como a sua maior preocupação. Com tantos temas mais prioritários, há incentivos para que o orçamento de políticas verdes mingue. O problema se complexifica porque ações efetivas de proteção ambiental possuem efeitos difusos, abstratos e de longo prazo. Em sua imensa maioria, são preventivas. Mesmo aquelas mais tangentes, como reformas em infraestrutura urbana, não têm impactos positivos imediatos na vida cotidiana. Na realidade, pautas ambientalistas fazem parte de disputas distributivas. Conter a destruição desenfreada envolve medidas que, no curto prazo, afetam negativamente setores da economia e pessoas que têm sua renda atrelada a eles. Não são apenas os latifundiários da soja, por exemplo, mas toda uma cadeia produtiva de grandes, médios e pequenos empreendimentos, além de cidades interioranas com marcadores econômicos e culturais ligados a esse modelo de monocultura. Entre os benefícios materiais imediatos e os anseios abstratos e futuros, o fato é que o eleitor tende a votar pelos primeiros. Trocando em miúdos, há um desafio em transformar o enfrentamento ao aquecimento global em voto no Brasil e no mundo.
Em 2014, o relatório Brasil 2040 foi chamado de alarmista, seus resultados relativizados e as ações por ele indicadas foram negadas. Naquele momento, o governo Dilma, de caráter evidentemente desenvolvimentista, estava trabalhando na construção da usina de Belo Monte: um dos resultados mais impactantes do estudo foi que as secas previstas pelo estudo poderiam afetar em quase 50% a capacidade de muitas das usinas hidrelétricas das regiões Norte, Sudeste e Centro-Oeste. O governo lidou com tais resultados fazendo com que todos os dados do relatório desaparecessem, tornando muito difícil encontrar quase qualquer registro de sua existência.
A projeção sobre 2040, feita pelos especialistas, tem se mostrado otimista demais. Após o fim do governo Dilma, a malfadada flexibilização andou com uma velocidade maior do que a esperada, inicialmente no governo de Michel Temer, mas, em especial, sob as rédeas de Jair Bolsonaro, momento em que a boiada de fato passou sobre a legislação ambiental nacional. Em abril de 2020, a Covid-19 atravessava a sociedade nacional como uma navalha, levando consigo milhares de brasileiros, algumas vezes em um mesmo dia. Mas se alguns viam dificuldades, outros viam oportunidades. O então ministro do meio ambiente Ricardo Salles apontava que aquele era o momento propício para simplificar ainda mais as regras ambientais no país. Salles fez a sugestão em alto e bom som e sem constrangimentos em reunião ministerial do dia 22 de abril. Somente naquele dia, 2.924 brasileiros perderam a vida por conta do vírus Sars-Cov-2.
Desde 2007, a Universidade de Estocolmo e o centro instalado em sua sede, o Stockholm Resilience Center, vêm se destacando por análises a respeito das intervenções humanas sobre o planeta. Nelas, foram determinadas nove categorias para a preservação da vida humana e uma métrica dos limites de exaustão a que essas categorias podem ser estressadas. São elas: integridade da biosfera, mudanças climáticas, mudanças na água doce, acidificação dos oceanos, destruição da camada de ozônio estratosférico, carga de aerossóis atmosféricos, mudanças no sistema terrestre, introdução de novas entidades, como produtos químicos sintéticos e resíduos nucleares, fluxos biogeoquímicos, como o movimento de nitrogênio por meio de ciclos de elementos globais. No final de 2023, apenas a camada estratosférica de ozônio, a carga de aerossol atmosférico e a acidificação dos oceanos não tinham ultrapassado os limites definidos pelos estudiosos. E mesmo dentre essas categorias, a acidificação dos oceanos está muito próxima da condição limite e a carga de aerossol já foi transposta em algumas regiões do globo.
Em O tempo das catástrofes, Jean-Pierre Dupuy afirma que, enquanto sociedades, só acreditamos nas catástrofes quando elas acontecem. Só reagimos a elas quando é muito tarde. Os prognósticos alarmantes não produzem mudança alguma, seja nas nossas formas de pensar, seja nas nossas formas de agir. Mesmo quando as populações têm acesso à informação, ela é negada, atravessada por outras crenças, cálculos econômicos, valores morais, filiações ideológicas e partidárias. Talvez ainda porque, concordando com Beck, elas pensam que isso responsabiliza os indivíduos e os seus níveis de consumo.
Contudo, até as consequências das catástrofes climáticas do aqui e agora têm efeitos bastante complexos no comportamento eleitoral. Há evidências de que o eleitor pune incumbentes por seu desempenho na administração de tragédias, contudo há, também, indícios do contrário: governantes se beneficiando delas. A revisão de Olivier Rubin exemplifica alguns desses estudos. Importante é que a resposta não é tão clara e depende, além da competência da administração, de variáveis como informações, classe social, engajamento com política e preferências prévias do eleitor. Esta punição não significa mudança de atitudes em relação às pautas ambientalistas. Nesse sentido, o cenário também não é muito otimista. A literatura não é pacífica, porém existem dados, como os levantados por Leonardo Baccini e Lucas Leemann, que indicam alterações de percepção mais amplas causadas por desastres climáticos.
Mas a pesquisa de Paula Rettl e Silvia Pianta, por exemplo, reforça que há um recorte distributivo nas percepções sobre as tragédias: aquelas populações próximas economicamente da agropecuária demonstraram pouca alteração de preferências frente às queimadas da Amazônia nos últimos anos. Em coluna recente, Carlos Pereira apresenta argumentos da tese ainda não publicada de Matheus Cunha que apontam que, em cenários de polarização política, desastres ambientais têm baixa capacidade de furar as echo chambers dos pólos eleitorais. O esforço coordenado de setores negacionistas da política brasileira de capturar a narrativa com campanhas de fake news mostra que estes atores, reconhecidamente hábeis na esfera digital, sabem disso. Atacando as instituições de Estado de modo generalizado e indiscriminado, buscam deslegitimar o poder público, única esfera capaz, em teoria, de frear os instintos predatórios dos setores econômicos responsáveis pelo descontrole climático.
Em 2009, dois anos após a abertura do centro da Universidade de Estocolmo, três parâmetros da exaustão do planeta haviam sido ultrapassados; seis anos depois, quatro; em 2022, já eram cinco; hoje, como já dito, alcançamos os seis. Os avisos se avolumam rapidamente, ainda que o tempo da séria e assídua ciência seja mais lento, pois a acuidade requer rigor. Mas ainda que comparativamente rápido, é um tempo muito menos veloz, certamente, do que o da produção em larga escala de novos e incríveis produtos que, como todos sabemos, precisamos consumir momentos antes da inexistência.
Um dos paradigmas que guiou o pensamento sobre a história foi o de que o seu motor seria a luta de classes. No final das contas, a queda de braços derradeira aparentemente não será entre trabalhadores e capitalistas, mas entre a natureza e a classe que detém o capital. A classe que possui o monopólio das forças produtivas tem levado “a melhor” no embate político, porém, curiosamente, não tem como sair vencedora: na sua sinistra vitória, não haverá nem quem possa contar os detalhes do triunfo nem quem a condecore com o prêmio de classe campeã. Ainda que se diga muito orgulhosa das suas próprias convicções, é por causa delas e da sua ganância que terá conseguido destruir até a si mesma. Só que nossos escombros não terão a capacidade de contar a sua inflamada história. As moléculas despegadas de uma superfície moribunda tampouco possuirão a sensibilidade para qualquer espécie de admiração ou, ao contrário, de lamentação. Ainda que haja bravos e bárbaros sobreviventes talvez de alguma outra espécie ou seres que venham de outros planetas, se fizerem um estudo arqueológico sobre nós, conforme afirmou o poeta gaúcho Mário Quintana, “pensarão eles que Coca-Cola era o nome de nosso Deus”. É que se a nossa tradição bíblica diz que no início era o Verbo e ele estava voltado para Deus, no nosso apocalipse real, Deus se mostrou e descobrimos o verbo: era vender.
Rafael Mantovani é professor do Departamento de Sociologia e Ciência Política e professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Autor do livro Modernizar a ordem em nome da saúde: a São Paulo de militares, pobres e escravos (1805-1840) (Fiocruz). É coordenador do Pindorama – Núcleo de Estudos sobre Pensamento Social e Político Brasileiro da UFSC.
Nicolás Gonçalves é natural de Jaguarão/RS, mestre em Sociologia pela UFPel e doutorando em Sociologia Política pela UFSC. É pesquisador do núcleo Grupo de Pesquisa em Dinâmicas Políticas, Estado e Movimentos Sociais (DIPEM) da Universidade Federal de Rio Grande e do Pindorama – Núcleo de Estudos de Pensamento Social e Político Brasileiro da UFSC.
Bruno Regasson é natural de Uruguaiana/RS, mestre e doutorando em Sociologia e Ciência Política pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), integra o Pindorama – Núcleo de Estudos de Pensamento Social e Político Brasileiro da UFSC.