Novo imperialismo e supremacia racial
Embora Trump tenha feito questão de abrir sua metralhadora giratória para muitos países, o maior desafio é a China. Seu primeiro governo tentou conter o gigante asiático por meio de uma “guerra comercial”. Agora, de volta ao poder, é impossível prever como Trump pretende moldar essa relação. Entretanto, em contraste marcante com a União Europeia, a China não esperou para ver
A frase mais citada de Antonio Gramsci, escrita em 1930, é que “a crise consiste justamente no fato de que o velho morre e o novo não pode nascer” ou, em sua versão mais popular derivada da tradução do texto em francês: “O velho mundo está morrendo. O novo demora a aparecer”. Menos citada é a frase seguinte, originalmente: “Nesse interregno, ocorrem os fenômenos mórbidos mais variados”. Ou, na versão mais popular: “E nesse claro-escuro nascem os monstros”. Donald Trump pode até gostar de ser considerado um monstro.
Desde que venceu de forma expressiva as eleições, ele vem testando até onde seu poder de intimidação pode ir. Nem sempre fica claro qual é o objetivo, além de demonstrar que os Estados Unidos ainda têm capacidade de impor sua vontade ao mundo. Tornou-se popular analisar as políticas dos Estados Unidos pela lente de Joseph Nye, que cunhou o termo soft power (influenciando pela cultura e ideologia), em contradição com hard power (poder militar). Depois surgiu o smart power, que seria a combinação perfeita (em termos de custo/benefício) das duas. No caso de Trump, cabe outra denominação: tough power, o exercício de poder por meio de intimidações e ameaças baseadas em seu poder econômico e, em última instância, militar.
É difícil analisar um objeto em rápido movimento que pode estar vindo em nossa direção e cuja consistência ainda não é mensurável. Um olhar sobre a enxurrada de ordens executivas, medidas unilaterais e discursos cheio de bravatas não pode ser senão inconclusivo. Muitos elementos já estavam presentes em seu primeiro mandato, mas desta vez ele entra com muito mais apoio político, a começar com a maioria no Congresso e no Senado. Além disso, não fez concessões aos republicanos moderados e está determinado a não se deixar enrolar pela burocracia federal, contra a qual abriu fogo desde o primeiro momento, ao criar o Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês), liderado pelo controverso Elon Musk, com a meta de economizar US$ 2 trilhões e reduzir entre 5% e 8% dos cerca de 3 milhões de servidores federais. A própria lei de criação do Doge estabelece que, a cada quatro que saem, só se pode contratar um.
Alguns analistas duvidam, inclusive, da existência de um plano com começo, meio e fim, e diversas caracterizações do novo governo Trump começam a aparecer. O sinólogo Orville Schell, de Berkeley, chegou a fazer um paralelo com a Revolução Cultural chinesa, que jogou o país em caos e disrupção.

© Gage Skidmore/Wikimedia
Guerra tarifária
Outros enxergam, porém, uma clara política de substituição das importações, juntando ameaças, decretos tarifários e o convite para que se venha a produzir no território norte-americano para evitá-los. Mas há muitas inconsistências: a falta de mão de obra, a inexistência de capacidade produtiva ociosa e o desmonte de políticas industriais iniciadas pelo governo Biden. Logo, há risco de provocar pressões inflacionárias, que se somariam ao efeito inflacionário sobre os salários da política migratória. E o discurso da inflação descontrolada foi justamente – junto com a imagem de uma invasão de criminosos, portadores de deficiências mentais e traficantes – o que o ajudou a alcançar sua estrondosa vitória eleitoral. Fato é que, em pouco tempo, Trump conseguiu tensionar toda a lógica das rodadas de negociação comercial multilaterais iniciadas com o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (Gatt), criado em 1948. Foram oito rodadas e a criação da Organização Mundial do Comércio (OMC) em 1995. A nona (Rodada Doha) fracassou. Desde então, já houve, no mundo todo, um avanço do protecionismo, sobretudo depois da crise de 2008. Vale observar que os Estados Unidos sempre tiveram uma relação ambígua com a OMC, mantendo o direito de impor medidas unilaterais quando lhes convém, e que, em seu primeiro governo, Trump bloqueou o funcionamento do órgão de apelação da organização, que atua como última instância nas soluções de controvérsias, por considerá-lo tendencioso contra os interesses dos Estados Unidos. Joe Biden não consertou essa situação. Mas Trump, ao radicalizar sua política de tarifas justas e recíprocas, parece agora, unilateralmente, ter iniciado a “Rodada Trump”, em que as negociações são bilaterais e, portanto, para a grande maioria dos países, assimétricas. Uma das ferramentas de negociação econômica mais poderosas à disposição dos Estados Unidos é a ameaça de limitar o acesso a seu vasto mercado. O “grande porrete”, nesse caso, seria a restrição de exportações para os Estados Unidos, utilizado inclusive para atingir outros objetivos.
MAGA
A guerra comercial atual parece mais radical, mas não é nova, e faz parte da promessa mais geral de recuperar o poder dos Estados Unidos: “Make America Great Again” (MAGA), originalmente o slogan da campanha de Ronald Reagan em 1980. No fim da década de 1970, era comum anunciar o fim da hegemonia dos Estados Unidos: os impactos múltiplos da Guerra do Vietnã, em 1979, as revoluções sandinista e iraniana e a invasão do Afeganistão pela União Soviética, no contexto de um declínio da produtividade, com inflação elevada (11,3% em 1979) e a ascensão econômica e tecnológica do Japão. Muitos subestimavam a capacidade de resiliência do capitalismo norte-americano, mas Reagan (1981-1989) implantou uma hegemonia 2.0 com sua diplomacia, ou melhor, ofensiva do dólar, e altos gastos militares. O impacto sobre o resto do mundo foi gigantesco, desde a crise da dívida externa na América Latina até a queda da União Soviética e o início do desmonte do Estado de bem-estar na Europa. No entanto, para afirmar sua hegemonia 2.0, era preciso enquadrar o Japão. Para isso, foi mobilizado o que se tornou conhecido como “política comercial estratégica”, com medidas protecionistas de forma seletiva e, por meio de pressão política, a imposição da Restrição Voluntária de Exportação (VAR), sobretudo direcionada à indústria automobilística japonesa. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos obrigaram o país, por meio da negociação do famoso Acordo de Plaza em 1985, a valorizar o iene. E deu certo. (Curiosamente, um dos principais operadores da administração Reagan na elaboração e implementação dessa política, o jovem Robert Lighthizer, tornou-se o representante de Comércio dos Estados Unidos no primeiro governo Trump, contribuindo para os esforços de conter a ascensão chinesa.)
Esse ciclo de expansão do capitalismo norte-americano, sob a ideologia neoliberal, muito sustentado pela ampliação descontrolada do crédito e pela relação simbiótica com a China, se esgotou com a crise de 2008. Embora os Estados Unidos tenham conseguido, com a mobilização de trilhões pelo Fed, evitar um colapso e se recuperar relativamente rápido, o mundo já era outro. Inclusive porque a China já não era mais apenas a fábrica do mundo, mas tinha força e vontade de disputar a liderança tecnológica e consolidar-se como potência militar. Nos Estados Unidos, começou a busca por uma estratégia que pudesse colocar em prática uma hegemonia 3.0.
China
Embora Trump tenha feito questão de abrir sua metralhadora giratória para muitos países, incluindo aliados históricos, como o Canadá, o maior desafio é a China. Ao mesmo tempo, a relação entre os dois gigantes repercute em muitos outros tabuleiros, como demonstrou, por exemplo, a retirada do Panamá da iniciativa chinesa Cinturão e Rota – um gesto do governo panamenho para acalmar os ânimos sobre o controle do Canal do Panamá.
Em 2011, o então presidente Barack Obama (2009-2017) alertou, em seu “Discurso à nação”, para um novo momento Sputnik, em referência ao choque que percorreu os Estados Unidos na década de 1950, quando se percebeu que a União Soviética tinha supremacia na tecnologia espacial. Na época, os Estados Unidos reagiram com uma mobilização nacional que culminou no projeto Apollo, cujo principal objetivo era demonstrar ao mundo a liderança norte-americana. Obama tentou alertar que a China não era mais apenas um país de produção com mão de obra barata, mas estava se tornando uma potência industrial e tecnológica. No entanto, ele mesmo conseguiu reagir pouco, em parte por estar muito preso às guerras no Iraque e no Afeganistão, apesar de ter anunciado o “giro para a Ásia”.
Desse modo, desde o início da década de 2010, apesar das acirradas divisões políticas internas, o que une as diversas forças nos Estados Unidos é o objetivo de barrar a ascensão chinesa. As diferenças residem nas estratégias e táticas a serem aplicadas, bem como nas narrativas a serem utilizadas.
O primeiro governo de Donald Trump tentou conter a China por meio da famosa “guerra comercial”. O objetivo era obrigá-la a fazer concessões e provocar uma mudança de rumo na mesa de negociação, a exemplo do que Reagan tinha feito com sucesso em relação ao Japão, em meados da década de 1980. Trump acreditava ter avançado com a conclusão da chamada “fase 1” da negociação em janeiro de 2020, mas a pandemia interrompeu o processo. Joe Biden (2021-2025) não abandonou a política de sanções tecnológicas: ao contrário, a aprofundou. Contudo, compreendeu que enfrentar o desafio da China exigia o reconhecimento das fragilidades internas e, aproveitando a recuperação pós-Covid, lançou um novo ciclo de políticas industriais e tecnológicas. Para que essa estratégia tivesse sucesso, porém, seria necessário romper de forma drástica com os interesses financeiros e a lógica neoliberal que dominavam os Estados Unidos desde o início da década de 1980. Faltou determinação até mesmo dentro de seu próprio partido e, sem a liderança necessária, essa estratégia ficou pelo meio do caminho.
Enquanto isso, tornou-se cada vez mais evidente que as sanções e outras medidas para negar à China o acesso à tecnologia apenas reforçariam a determinação do país asiático em avançar no desenvolvimento tecnológico com inovação endógena. Em paralelo, seu crescimento econômico tem sido acompanhado pelo aumento expressivo de sua influência política no mundo, especialmente nos países do Sul Global.
Agora, com Trump de volta ao poder – mais agressivo e com maior apoio político –, é impossível prever como ele pretende moldar a relação com a China e em que situação essa relação estará quando ele deixar a presidência. Entretanto, em contraste marcante com a União Europeia, a China não esperou para ver: desde a experiência com o primeiro governo Trump, fortaleceu significativamente suas linhas de defesa, tornando-as hoje muito mais robustas do que naquela época. Diante da imposição de tarifas de 10% sobre as importações chinesas, antes de fazer qualquer concessão, reagiu em várias frentes simultaneamente: impôs tarifas seletivas de 10% a 15%; estabeleceu restrições à exportação de alguns minerais estratégicos dos quais os Estados Unidos precisam para suas indústrias tecnológica e de defesa; incluiu algumas empresas norte-americanas em uma lista de companhias a serem sancionadas; e abriu um processo antimonopólio contra o Google. Por fim, denunciou os Estados Unidos na OMC, embora isso tenha apenas efeito simbólico. É impossível prever como Trump reagirá ao perceber que a China não se curvará a seus caprichos e que, apesar de toda a retórica, muitas empresas norte-americanas – inclusive a Tesla, de Elon Musk – mantêm seus investimentos no país. O que se pode afirmar com bastante certeza é que a China ganha capital político e/ou reduz resistências em países que estão sendo vítimas do bullying de Trump – e essa lista cresce a cada dia.
Século XIX
Apesar das inspirações simbólicas e da política comercial estratégica de Reagan, curiosamente as grandes referências de Trump são do século XIX. Durante seu primeiro mandato, Andrew Jackson (1829-1837) ganhou destaque. Trump se identificou com a imagem de Jackson como um populista outsider que, assim como ele, desafiou o establishment político e apelou diretamente ao povo comum. Jackson era conhecido por seu estilo de liderança agressivo e autoritário, sendo chamado pelos opositores de King Andrew I. Trump tinha um retrato de Andrew Jackson exibido de forma proeminente no Salão Oval, e ele visitou a propriedade de Jackson, Hermitage, no Tennessee, em 2017, comemorando o 250º aniversário do ex-presidente.
Nessa gestão, porém, o destaque vai para William McKinley (1897-1901), que, depois de ser assassinado por um anarquista, foi sucedido por Theodore Roosevelt e é citado várias vezes por Trump. No discurso inaugural, por exemplo, ele afirmou: “O presidente McKinley tornou nosso país muito rico por meio de tarifas… e deu a Teddy Roosevelt o dinheiro para muitas das grandes coisas que ele fez, incluindo o Canal do Panamá, que foi tola e erroneamente dado ao Panamá”. Enquanto McKinley inicialmente queria evitar envolvimentos no exterior, ele acabou seguindo uma expansão imperialista (a Guerra Hispano-Americana, ocupação de Cuba, Filipinas, Porto Rico, Havaí e Guam). A expressa vontade de comprar a Groenlândia e retomar o controle do Canal do Panamá rima com a gestão de McKinley.
Trump também fez questão de se referir, em seu discurso de inauguração, ao “Destino Manifesto”, um termo cunhado pela primeira vez em 1845 pelo jornalista John L. O’Sullivan, que se tornou uma poderosa justificativa para a expansão territorial dos Estados Unidos. Naquele momento, alegava-se que o país estava destinado por Deus a se expandir pelo continente americano, do Atlântico ao Pacífico. Nessa expansão, foram incorporados territórios que eram do México, como Califórnia e Texas. Trump retomou o Destino Manifesto ao afirmar que “Nós perseguiremos nosso destino manifesto até as estrelas, lançando astronautas norte-americanos para plantar as estrelas e listras no planeta Marte”. A suposta preocupação com a paz na Ucrânia e na Palestina segue a lógica de acordos imperiais bilaterais: com Benjamin Netanyahu e com Vladimir Putin, desconsiderando as aspirações do povo palestino ou ucraniano, olhando para Gaza como um potencial resort e a Ucrânia como um campo de minério, e não se contradiz com a caracterização de um novo imperialismo norte-americano.
Apoio à extrema direita
Embora o governo e vários setores econômicos acompanhem com apreensão as tarifas ou as ameaças de tarifas que possam atingir diretamente o Brasil, isso é uma nova versão, mais agressiva, do que Trump fez em sua primeira gestão e foi interrompido só parcialmente pelo governo Biden. O que parece ser um fator novo é a tentativa de Trump de enfraquecer, desmoralizar e, se possível, aniquilar seus potenciais opositores políticos, não só internamente, mas também internacionalmente, embora ainda de forma seletiva. Ele enxerga facilmente a mão de esquerdistas e marxistas radicais que devem ser afastados, como ao justificar o anúncio do fechamento da agência de cooperação internacional Usaid.
O que é novo é o apoio direto a forças da extrema direita no exterior. A fala do vice-presidente J. D. Vance na conferência de Munique, na véspera das eleições na Alemanha, foi um claro apoio à extrema direita. E Elon Musk teve participações on-line com grande destaque em comícios da Alternativa para a Alemanha (AfD, extrema direita). Lembrando que a AfD é aquele partido de que foi expulso, na véspera das últimas eleições europeias, do bloco parlamentar europeu da extrema direita por falas ambíguas de suas lideranças a respeito do regime nazista.
Mais chocante ainda é a ordem executiva de 7 de fevereiro, intitulada “Abordando as ações flagrantes da República da África do Sul”, por meio da qual Trump acusa a África do Sul de “políticas governamentais projetadas para desmantelar a igualdade de oportunidades no emprego, na educação e nos negócios, e retórica odiosa e ações governamentais que alimentam a violência desproporcional contra proprietários de terras racialmente desfavorecidos”. Além de bloquear toda a ajuda para a África do Sul, o governo Trump instruiu o Ministério de Assuntos Internos a admitir o “reassentamento por meio do Programa de Admissão de Refugiados dos Estados Unidos, para os africâneres na África do Sul que são vítimas de discriminação racial injusta”. Isso no contexto de uma política generalizada de fechamento das fronteiras para migrantes, incluindo refugiados do Haiti. Para completar, Trump declarou a existência de “ameaças à segurança nacional para nossa nação, nossos aliados, nossos parceiros africanos e nossos interesses”. Difícil não entender essa ordem executiva como expressão da visão de supremacia branca de Trump, muito presente na história dos Estados Unidos. Sem dúvida, há aqui a influência de Elon Musk, de origem sul-africana, mas isso não está isolado de outras ações de apoio à extrema direita. Há de se lembrar que a África do Sul está na presidência do G20 e é membro pleno do Brics.
Da Alemanha e África do Sul para o Brasil: não se pode subestimar a vontade política de enfraquecer, eventualmente derrubar o governo Lula e, pelo menos, garantir uma derrota da esquerda nas eleições de outubro de 2026. Em menos de 24 horas após a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciar o ex-presidente Jair Bolsonaro pela tentativa de golpe de Estado em 2022, a rede social Rumble e o Trump Media & Technology Group processaram Alexandre de Moraes no tribunal da Flórida por violar a Constituição dos Estados Unidos no que se refere à liberdade de expressão e à prática de “censura extraterritorial”. A tentativa de intimidação não tem efeito prático, mas deve ser observada em seu devido contexto. Elon Musk já retuitou a mobilização pelo impeachment de Lula. E a participação de Eduardo Bolsonaro na internacional da extrema direita, a Conferência Anual de Ação Política (CPAC), foi utilizada para arrancar declaração de apoio para seu pai. Ou seja, o Brasil pode estar na mira não apenas pelas exportações de aço e alumínio.
Observando tudo isso, a chave para acompanhar o governo Trump talvez não seja “protecionismo e isolacionismo”, mas “neoimperalismo e supremacia racial”.
Por último, há sinalizações de que, nos países diretamente atingidos, cresce o apoio popular em torno do governo em defesa da soberania, como é o caso do México e da África do Sul. Porém, por enquanto, Trump conseguiu colocar em prática a lógica de embates bilaterais. Até na Europa não se consegue ainda uma resposta coordenada, muito menos na América Latina. Não encontrei uma manifestação conjunta dos países do Brics denunciando a medida presidencial contra a África do Sul. E Trump, com seu espírito transacional, poderia querer chegar a um grande acordo com a China, o modelo G2, o que não seria positivo para o resto do Sul Global, tampouco para os europeus.
*Giorgio Romano Schutte é professor associado de Relações Internacionais e Economia Política Mundial da UFABC, membro do Observatório da Política Externa e da Inserção Internacional do Brasil (Opeb) e bolsista produtividade CNPq.