Novo pacto social para cuidar do Brasil
Cuidar é o oposto de desrespeitar, humilhar e desautorizar. Se Lula quer ultrapassar a retórica hobbesiana sem depender do humanismo cirandeiro, precisa mostrar como políticas públicas geram respeito, evitar vender sustos de desenvolvimento que se transformam em humilhação social e reverter o exercício do poder encarcerador em autoridade simbólica minimamente libertária
Durante os seis últimos anos fizemos diagnósticos de Brasil. Especulamos razões, causas e motivos pelos quais gente de bem e gente do mal foram possuídas por convicções delirantes e conspiratórias. O Brasil pariu um novo tipo de mal-estar fundamentalista. Tal qual um paciente em crise, durante esse tempo manter sinais vitais e sobreviver era suficiente; viver, um luxo. O futuro ficou curto, sem agenda própria, cheio de sustos metodológicos e golpes experimentais. O passado não passava, repetindo-se em formas deformantes e alegóricas do regime militar. Se até aqui brincamos de colocar o Brasil no divã, anunciando a gravidade do caso, agora chegou a hora de cuidar dele de verdade. No processo, a oposição esquerda versus direita envelheceu, dando lugar a uma mais simples: displicência, vulgaridade e tosquice versus cuidado, civilidade e solidariedade. Agora é chegada a hora de cuidar dos prejuízos, enterrar os mortos e julgar as impertinências civis e…