O momento histórico do que pôde ser
A retumbante derrota sofrida em 4 de setembro no plebiscito sobre a Constituinte chilena nos convida a refletir sobre o motivo desse revés e os cenários que se abrem. A classe política terá a responsabilidade de continuar o processo constitucional aberto em 25 de outubro de 2020 com o plebiscito de entrada e seus significativos 80% de votos a favor de uma nova carta. Não podemos negar a frustração da derrota e também não podemos esquecer as 4.860.093 pessoas que confiaram e acreditaram que outro Chile era possível
Como forma de aglutinar as demandas sociais não resolvidas pela classe política nos últimos trinta anos, a proposta constitucional de nova Constituição para o Chile procurou dar respostas a problemas que exigiam e exigem solução o mais rápido possível. Entre elas estão o direito à água e ao saneamento, contrariando os atuais direitos de uso da água; uma verdadeira descentralização no Chile, segundo a qual as decisões não sejam mais tomadas principalmente em Santiago, ou uma democracia efetiva, para que a participação não se limite ao voto; e, aquela que talvez seja uma das maiores virtudes da proposta constitucional, declarar o Chile como um Estado social e democrático de direito, lançando as bases para deixar para trás o atual Estado subsidiário herdado da ditadura civil-militar. Por isso e considerando o árduo ano de trabalho da Convenção Constitucional, é frustrante constatar que o único legado concreto deixado por esse processo foi…