O moralismo evangélico como arma política
Orientado por pastores como Silas Malafaia, que tem enorme capacidade de controle de suas comunidades pelo moralismo, Bolsonaro começou a usar esse moralismo como arma política. Com a economia em frangalhos e um governo catastrófico, o pânico moral entre os grupos vulneráveis é o que lhe resta
O crescimento da fé evangélica no Brasil é um dos fenômenos mais impressionantes dos últimos séculos quando o tema é a transformação do perfil religioso de um país. Isso ocorre por alguns motivos em específico. O primeiro deles é a velocidade do fenômeno: em 1991, o Censo mostrava que menos de 10% dos brasileiros eram evangélicos. Em 2020, o Datafolha1 apurou que 31% dos brasileiros já professavam a fé. E a tendência é que essa alta se acentue, uma vez que o perfil demográfico do evangélico brasileiro é muito mais jovem do que o do católico, o que quer dizer que mais famílias da próxima geração provavelmente serão evangélicas. Projeções demográficas apontam que teremos mais evangélicos do que católicos no Brasil em 2032. Contudo, esses números sozinhos não dão a dimensão do fenômeno. O que os dados falam é que, nas últimas duas décadas, 1,7 milhão de brasileiros em média…