O Sul se recusa a se alinhar com o Ocidente na questão da Ucrânia
Diferentemente da maioria das nações ocidentais, lideradas pelos Estados Unidos, os países do Sul adotam uma posição prudente diante do conflito armado entre Moscou e Kiev. A atitude das monarquias do Golfo, aliadas de Washington, é emblemática: elas denunciam tanto a invasão da Ucrânia como as sanções contra a Rússia. Assim se impõe um mundo multipolar em que, a despeito das divergências ideológicas, os interesses dos Estados prevalecem
A Ucrânia é palco de um confronto planetário entre “democracia e autocracia”, como proclama o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, uma definição repetida pelos comentaristas e políticos ocidentais? Não, retruca a voz solitária do jornalista norte-americano Robert Kaplan, “ainda que isso possa parecer contra intuitivo”. Afinal, “a Ucrânia vem sendo há muitos anos uma democracia débil, corrompida e institucionalmente subdesenvolvida”. Na classificação mundial sobre liberdade de imprensa, o relatório da Repórteres sem Fronteiras de 2021 classifica o país na 97ª posição. “O combate”, acrescenta Kaplan, “diz respeito a algo maior e mais fundamental, o direito dos povos de decidir seu futuro e se verem livres de qualquer agressão.”1 E observa, o que é evidente, que numerosas “ditaduras” são aliadas dos Estados Unidos – o que, aliás, ele não condena. Se ao Norte as vozes dissonantes sobre a guerra na Ucrânia são raras e pouco audíveis, a ponto de se…