A penosa emancipação das israelenses
Apesar dos avanços legislativos conquistados durante a década de 1990, as desigualdades entre homens e mulheres permanecem significativas em Israel. O machismo e o militarismo impostos à sociedade desde o nascimento do Estado, a obsessão com a segurança e o peso da religião atrapalham a luta pela emancipação feminina
Após aceitar mulheres em aviões de combate, o Exército israelense planeja admiti-las também em tanques de guerra. Como um dos raros países onde o serviço militar não é restrito aos homens, Israel fala ativamente sobre suas soldadas, musas de um Exército que seria o mais moral do mundo. Com Golda Meir, não foi justamente a “única democracia do Oriente Médio” que escolheu, ainda em 1969, uma mulher como primeira-ministra? O site do Exército tem uma seção toda dedicada às mulheres, louvando a “bravura” das “ferozes” combatentes que patrulham a fronteira. Nos livros de História, as imagens de jovens soldadas atléticas de uniforme, com metralhadora Uzi a tiracolo e rosto camuflado, ecoam as fotos das pioneiras trabalhando a terra, pavimentando estradas e montando guarda nos kibutzim. Ligadas pela mesma mitologia de um sionismo igualitário e moderno,1 essas séries de imagens são parciais, obscurecendo a ambivalência da função social das mulheres…