Recuperar a esperança após a derrota no plebiscito
No Chile, diante do cenário de aparente derrota, um dos caminhos possíveis é resgatar a esperança como questão antropológica, ético-política e cidadã
Recuperar a esperança significa a possibilidade de levantar os olhos para problematizar os diversos discursos emergentes sobre a crise sistêmica pela qual o Chile está passando, com uma mistura de dimensões econômicas, políticas, sociais e ambientais, entre outras. A isso acrescenta-se, como um eixo relevante, a constatação de que os avanços em direitos de cidadania que poderiam ser visibilizados por meio da revolta social, protagonizados por movimentos estudantis, feministas, No más AFP [administradores de fundos de pensões, o sistema previdenciário privado chileno], entre outros, regrediram abruptamente após a escolha pelo “Rejeito” no plebiscito de saída para uma nova Constituição, em 4 de setembro. Nesse contexto, a pergunta que se coloca é o que se pode esperar? Isso porque, como assinala Ana María Devaud, “somos invadidos pelo desânimo provocado por uma decisão popular inexplicável, contra seus próprios interesses”.[1] Parece que toda vez que o Chile tenta quebrar o sistema neoliberal –…