Rumo a um “bolsonarismo” sem Bolsonaro?
Como explicar que, sem apoio da mídia, de grande parte do patronato e das elites políticas conservadoras, as redes do ex-presidente Jair Bolsonaro tenham tentado um golpe no dia 8 de janeiro? Talvez pela esperança de que os militares se juntassem a eles. Apesar do fracasso do golpe, a corrente política encarnada pelo ex-presidente demonstrou que não precisa mais de seu mentor para existir
Do lado de fora do Superior Tribunal Federal (STF), em Brasília, uma bandeira do Brasil com mais de 50 metros de comprimento jazia no chão, em meio a cacos de vidro e bombas de gás lacrimogêneo. Na terça-feira, 10 de janeiro, enquanto a polícia científica trabalhava no edifício colhendo impressões digitais, outros investigadores interrogavam o pessoal da segurança, buscando reconstituir o curso dos acontecimentos do domingo, 8 de janeiro, quando milhares de simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram as sedes das mais importantes instituições da democracia brasileira. Dos três prédios que se distribuem em torno da Praça dos Três Poderes, o do STF foi aquele vandalizado com mais fúria, segundo depoimentos em off de alguns investigadores. Esse ódio contra a mais alta corte de justiça do país – que, entre outras tarefas, se encarrega das eleições – casa com o que Bolsonaro costuma manifestar. “O ex-presidente deveria ser processado por…