Shoppings cheios, geladeiras vazias
Nem uma cópia em papel-carbono dos acontecimentos ocorridos na reta final do alfonsinismo, em 1989, nem da fratura de 2001 que explodiu o Rio da Prata. Mas esta, a terceira grande crise econômica e social que a Argentina vive desde o fim da ditadura, tem algo daquelas…
De maneira silenciosa mas já claramente identificável, mudanças profundas estão ocorrendo na estrutura social argentina. No passado, diante de um período de alto crescimento econômico e redução do desemprego como o que se vive hoje, e após um período de reajuste, os salários tenderiam a subir. Isso era assim por causa do processo de industrialização e por causa da força dos sindicatos, que pressionavam por aumentos por meio de negociações paritárias. Porém, também pesavam fatores mais estruturais, como a relativa homogeneidade entre os centros urbanos industriais (Buenos Aires, Córdoba, Rosário) – em comparação com outros países da região –, o que impedia a redução de salários por meio de uma realocação interna. Essa elevação da renda do trabalho também era resultado, é claro, da influência igualitária do peronismo. Hoje em dia, contudo, a economia argentina passa por uma fase de crescimento – o produto interno bruto (PIB) registra um ano…