Sobre a democracia em tempos de guerra
A Casa Branca e o Kremlin pediram a realização rápida de eleições na Ucrânia, na esperança de encontrar um substituto para o presidente Volodymyr Zelensky que esteja mais disposto a fazer concessões. No entanto, não é certo que seu sucessor adote uma política mais conciliadora em relação às exigências russas e norte-americanas. Na Ucrânia, a união sagrada está se rompendo, mas organizar uma eleição em um país em guerra continua sendo um quebra-cabeça tanto prático como democrático
“Desde 2022, na Ucrânia, não há mais personalidades políticas, não há mais eleitores. Só cidadãos que cumprem ou não seus deveres para com o país.” Oleksiy Kovzhun está entre os consultores políticos mais renomados do país. Antes da guerra, ele trabalhou com dezenas de candidatos para moldar suas campanhas e dedicou boa parte da vida à política. Em tempos normais, teria muito trabalho: o mandato de Volodymyr Zelensky chegou ao fim em maio de 2024, enquanto o dos deputados da Verkhovna Rada (Parlamento) expirou dois meses depois. As eleições municipais, distritais e regionais deveriam ocorrer no segundo semestre de 2025. No entanto, o regime de lei marcial, em vigor desde a invasão russa de 24 de fevereiro de 2022, adiou indefinidamente a renovação dos representantes pelo voto. Kovzhun considera que, em março de 2025, discutir a organização de uma eleição continua sendo inapropriado: “Isso só vai quebrar a unidade do…