Testando limites no aquecimento global
A chance de a temperatura superar os limites anteriores é de 98% para ao menos um dos próximos cinco anos
A chance de a temperatura superar os limites anteriores é de 98% para ao menos um dos próximos cinco anos
Antonio Guterres, secretário-geral da ONU, afirmou que os relatórios científicos do IPCC são um catalogar de fracassos – e que continuamos no caminho do “inferno pisando fundo no acelerador”
Embora estejamos em uma emergência climática, de norte a sul do globo governos seguem falando em ampliar as suas taxas de crescimento anuais. Entretanto, não há mais como proclamar o crescimento infinito se o planeta em aquecimento exige uma mudança sistêmica nos modos de produção e de consumo
Enquanto as temperaturas batem recordes na Índia e no Paquistão, onde o calor chegou perto de 50 °C durante vários dias, as Nações Unidas organizam, entre 2 e 3 de junho, na Suécia, uma grande conferência internacional sobre o meio ambiente. Seu título, “Estocolmo+50”, realça o tempo perdido desde a primeira Cúpula da Terra, de 1972.
Último relatório do IPCC da ONU é taxativo: paramos as emissões agora ou entraremos num momento de difícil reversão dos efeitos antrópicos da mudança do clima
A COP26 contou com forte presença da sociedade civil pressionando os países para cortar o financiamento das indústrias sujas. Mas os governos buscaram um compromisso entre nossas perspectivas de sobrevivência e os interesses da indústria de combustível fóssil
Um primeiro passo fundamental para construir um novo paradigma de cuidado com a água, no qual clima e água sejam duas dimensões intrinsecamente relacionadas, é incluir expressamente em nossa Constituição Federal o direito do cidadão brasileiro à segurança climática.
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 26), iniciada no fim de outubro, procura traduzir em fatos o acordo assinado em Paris em 2015. Para limitar as consequências de um aquecimento já em curso, cada país deve se comprometer a reduzir drasticamente suas emissões de gases do efeito estufa nas próximas três décadas. As procrastinações do passado não permitem otimismo
O aquecimento global está diretamente ligado à injustiça social, por isso é fundamental englobar a interseccionalidade no debate e nas políticas voltadas ao combate às mudanças climáticas
Dados do Global Resources Outlook (2019) apontam que 68% da extração de todos os recursos consumidos no mundo concentra-se em apenas 10 países. Ou seja, para 70% do mundo consumir, 10 países arcam com as consequências ambientais e sociais da extração
A instrumentalização interessada do princípio de liberdade de expressão para minar consensos científicos favorece a omissão dos governos em áreas críticas e urgentes, onde a inação pode acarretar a destruição potencialmente irreversível de existências e modos de vida em escala global
Não serão equacionados os problemas decorrentes das mudanças climáticas sem que a humanidade venha a rever a escala nociva de suas atividades econômicas, assim como deverá buscar meios para socializar a geração de riqueza e renda, possibilitando um mundo mais justo, inclusivo e resiliente
Recentemente, o IPCC lançou o maior relatório científico sobre as mudanças climáticas já feito. Segundo a publicação, já alcançamos efeitos irreversíveis do aquecimento global
Para alguns ecologistas, a crise ambiental atingiu um nível tal que uma única solução se impõe: o decrescimento. Segundo eles, as mudanças climáticas não provêm de um modo de produção guiado pelo mercado e, portanto, irracional: elas decorrem do crescimento, que infla a demanda energética e trava o objetivo de descarbonizar a economia. Como a redução da produção de bens produziria o efeito inverso, seria conveniente cortar a atividade. Uma análise coberta de dificuldades
Testemunha por excelência da evolução do clima da Terra, a maioria das geleiras está passando por uma fase de retrocesso. Nos Andes tropicais, esse derretimento se acelera há trinta anos e coloca em risco a irrigação, a produção de eletricidade e o fornecimento de água. Grandes metrópoles como La Paz, na Bolívia, veem uma parte significativa de seus recursos ameaçada
No dia 21 de junho, a cidade de Verkhoiansk, na Rússia, dentro do círculo polar ártico registrou 38ºC. Esse recorde acende o alerta para a possibilidade de ocorrer o “Blue Ocean Event”, ou Evento Oceano Azul, ainda este ano. Esse evento acontece quando praticamente todo gelo oceânico do Ártico desaparece
A África será o primeiro a sofrer com o aumento da temperatura e a seca. Com tudo indicando uma tendência desfavorável, era preciso reagir. Adotar uma nova abordagem: em vez de distribuir comida, não valeria mais a pena atacar diretamente as raízes do problema? Foi assim que nasceu a ideia da grande muralha verdeMark Hertsgaard
As extremidades do planeta estão ameaçadas. No Polo Sul, os icebergs afundam no mar; no Polo Norte,o gelo derrete e os ursos brancos agonizam. Enquanto isso, os países vizinhos preparam-se para se beneficiar das riquezas minerais e petrolíferas que o derretimento dos bancos de gelo irá proporcionarGilles Lapouge
O degelo progressivo dos pólos pode dar lugar a um desastre sem precedentes que irá gerar um aumento muito maior e mais acelerado do nível das águas. E um tratado “pós-Kyoto”, necessário para evitar a catástrofe, deve demorar a surgir
Em 1962, bastou o bom senso de um punhado de homens, encastelados em Washington e Moscou, para exorcizar o fantasma da guerra total. Agora, a natureza foi provocada além da medida, seus elementos foram despertados e estão em curso processos incontornáveis.
Os relatórios do IPCC prevêem que o aquecimento global provocará alterações dramáticas em diversas partes do planeta. Se nas metrópoles do Hemisfério Sul os problemas atuais já são graves e complexos, o que ocorrerá quando estas mesmas aglomerações forem impactadas pelas mudanças climáticas?
Para além do cinismo dos grandes grupos empresariais, o ambiente geral nos mercados ligados à mudança climática lembra o período de euforia vivido pelas novas tecnologias da informação. Uma verdadeira bolha especulativa se forma em torno das cotas de carbono
Em poucas décadas, evoluímos da negação irresponsável rumo à tomada de consciência e à busca de soluções. Mas, se hoje a humanidade está mais alerta para os perigos que a ameaçam, ainda há muito o a fazer para implementar as medidas indispensáveis
Com o aquecimento global e a perspectiva de desaparecimento das geleiras do Pólo Norte, gigantescas reservas de petróleo e minérios, hoje inacessíveis, poderão ser exploradas. E já atiçam a cobiça das potências