“O sistema absorveu o vírus”
Diante da ameaça do Syriza, em um primeiro momento, os dirigentes europeus se fecharam em um único objetivo: chutar os recém-chegados para fora de seu círculoRenaud Lambert
Diante da ameaça do Syriza, em um primeiro momento, os dirigentes europeus se fecharam em um único objetivo: chutar os recém-chegados para fora de seu círculoRenaud Lambert
Só em filmes de terror vemos cenas tão sádicas como as de 13 de julho em Bruxelas, quando Alex Tsipras, ferido, derrotado, humilhado, foi obrigado a acatar em público, cabisbaixo, o diktado da chanceler alemã, Angela Merkel. E renunciar ao programa de liberação graças ao qual fora eleito e o qual seu povo acabara de raIgnacio Ramonet
Por seis meses, contra todos, a Grécia foi pregada ao pelourinho por seus parceiros em reuniões intermináveis. A União Europeia revelou na ocasião uma face intransigente, vingativa. Ministro grego das Finanças durante os enfrentamentos entre Bruxelas, Berlim e Atenas, Varoufakis retoma diversos episódios da gue viveuYanis Varoufakis
Aparentemente, o projeto era simples. Após cinco meses, os credores de Atenas se incumbiriam de salvar a Grécia da bancarrota. Ao final das negociações, sua outra ambição foi desvelada: desacreditar um projeto político tido como “radical”Costas Lapavitsas
Crise financeira, pauperização maciça, descrédito dos profissionais da política: tudo teria conduzido à renovação da esquerda na Europa. Entretanto, ela cambaleia por toda parte. Isso explica a concentração de interesses na Espanha, onde o partido Podemos exibe uma inventividade estratégicaPablo Iglesias
A estratégia de quebrar o termômetro para baixar a temperatura nunca foi eficaz. É esse, contudo, o caminho escolhido por Madri para emperrar as mobilizações que dominam o país desde 2011: ocupações, panfletagens e colagens de cartazes são cada vez mais proibidas. O risco é tentar usar álcool para apagar o fogoCecília Valdez
Sua oposição às políticas de austeridade europeias vale aos gregos tanta simpatia quanto sua luta contra a ditadura dos coronéis? Depois do golpe de Estado de 21 de abril de 1967, a solidariedade internacional se estendeu a amplos setores de opinião, para além da esquerda. O cineasta fala de seu filme Z como referênciaPhilippe Descamps
Semana após semana, o nó das negociações estrangula progressivamente o governo grego. Altos dirigentes europeus já explicaram que nenhum acordo será possível com o primeiro-ministro Alexis Tsipras enquanto ele não “romper com a ala esquerda de seu governo”. A Europa, prega solidariedade, só a oferece aos conservadores?Stelios Kouloglou
O fracasso de suas políticas privou os defensores da austeridade do argumento do bom senso econômico. Agora, de Berlim a Bruxelas, governos e bancos baseiam cada vez mais seu evangelho na ética: a Grécia deve pagar, questão de princípio! A história, entretanto, mostra que a moral não é o principal árbitro dos conflitosRenaud Lambert
Na Grécia e na Espanha, o avanço de uma esquerda crítica das políticas de austeridade encoraja os defensores de uma mudança profunda na União Europeia. Cada vez mais formal, o debate democrático avança. E o confronto cultural e religioso, o “choque das civilizações” que os autores dos atentados em ParisSerge Halimi
Mesmo rompendo com os chamados à democracia direta da Puerta del Sol, o Podemos quer ser o herdeiro do “espírito de maio”, principalmente por meio de seus princípios de financiamento participativo, transparência e deliberações coletivas.Renaud Lambert
Recuperar conscientemente o terreno (já bem demarcado) do neoconservadorismo: essa é a missão da fundação política de José Maria Aznar. O antigo chefe de governo espanhol espera, assim, tomar o poder que hoje está com seu rival, o primeiro-ministro Mariano RajoyGuillaume Beaulande