Um jornalismo de guerras culturais
O justo meio-termo já não funciona. Ontem dependente do filão publicitário, a imprensa moderada buscava um público de massa e lisonjeava-o simulando objetividade. A receita mudou. Agora, a mídia prospera alimentando guerras culturais junto a públicos polarizados e mobilizados. Para o bem ou para o mal, e sob o olhar vigilante, por vezes sectário, de seus próprios leitores
Ele vai comprando a torto e a direito mídias e editores (Vivendi, Editis, Prisma), cobiça a Europa 1 e o Journal du Dimanche, corta empregos e despesas, estimula um jornalismo de aliciamento voltado para a extrema direita (CNews), implanta o terror nas redações – e ameaça processar o Le Monde Diplomatique por este ter investigado suas atividades na África: se fosse preciso personificar os males do capitalismo midiático, o nome de Vincent Bolloré se destacaria. Muito comentada na imprensa, a brutalidade do bilionário bretão não constitui, entretanto, o melhor indicador do movimento que agita a paisagem jornalística dos anos 2020. Pois a força crescente não está nem na infografia dos proprietários1 nem na lista telefônica dos anunciantes: ela pode ser vista na pressa das direções editoriais em se desculpar quando um artigo desagrada a seus leitores. Esse novo pilar da economia da imprensa foi por muito tempo considerado a quinta…