A batalha do Haiti ainda não terminou
Minado pela violência do crime organizado e frequentemente considerado “falido”, o Haiti não tem seu destino nas mãos, vítima do intervencionismo constante das instituições internacionais e das grandes potências. Farsas eleitorais, políticas públicas ineficientes e estagnação econômica empurram haitianos para o caminho do exílio
A priori, tudo separa o Haiti do Afeganistão, a começar por vários oceanos. Mas o desastre das intervenções estrangeiras transformou esses dois países em nações gêmeas. Na madrugada do dia 7 de julho de 2021, o presidente da República do Haiti, Jovenel Moïse, foi assassinado por um comando provavelmente composto por ex-oficiais do Exército colombiano. Após muitos meses de investigação e da prisão de cerca de quarenta pessoas, os cérebros da operação nunca foram identificados. O último assassinato de um chefe de Estado haitiano remonta a 1915, quando, em seguida, os marines norte-americanos invadiram o país, onde permaneceram por dezenove anos. No dia seguinte à morte de Moïse, o ex-primeiro-ministro interino, Claude Joseph, solicitou o retorno dos Estados Unidos, enquanto um editorial do Washington Post ressaltava a urgência de enviar ao Haiti uma força de manutenção de paz das Nações Unidas “a fim de evitar uma situação de caos que…